Ação da CCR salta até 6,7% com acordo com governo de SP; Vale tem nova alta, enquanto Braskem cai após salto na véspera

Em mais uma sessão de cautela na sessão desta quarta-feira (30), quem ganha destaque positivo é a CCR (CCRO3), com ganhos de até 6,70% após assinar acordo preliminar sobre disputas judiciais com o Estado de São Paulo envolvendo aditivos de concessões acertados em 2006. Pelo acordo, controladas da companhia se comprometeram com pagamento total de R$ 1,2 bilhão ao governo paulista.

A proposta de reforma tributária segue impactando as ações de bancos, com papéis como Bradesco (BBDC3;BBDC4), Itaú (ITUB4) e Santander Brasil (SANB11) entre leves quedas e ganhos.

As ações de Vale (VALE3) também registram ganhos. A expectativa é de que a mineradora poderia antecipar a distribuição de dividendos estimada para 2022 como resultado da possível mudança na tributação.

A ação da Braskem (BRKM5), por sua vez, cai mais de 1% após alta de 5,36% na véspera. A alta aconteceu após notícia do jornal Valor Econômico e da Reuters de que o prazo para recebimento das propostas iniciais de compra da Braskem, que se encerraria na próxima quarta-feira, foi estendido até o dia 9 de julho a pedido de potenciais compradores da petroquímica controlada pela Novonor (antiga Odebrecht).

Confira os destaques:

CCR (CCRO3)

A CCR assinou nesta terça-feira acordo preliminar sobre disputas judiciais com o Estado de São Paulo envolvendo aditivos de concessões acertados em 2006. Pelo acordo, controladas da companhia se comprometeram com pagamento total de R$ 1,2 bilhão ao governo paulista.

O pagamento, dividido em R$ 352 milhões pela AutoBAn, R$ 263 milhões pela SPVias e R$ 585 milhões pela ViaOeste, deverá ocorrer em 15 dias.

Segundo a CCR, o acordo prevê encerramento das ações judiciais envolvendo os contratos aditivos e confirma prazo da concessão das rodovias dos Bandeirantes e Anhnaguera (AutoBAn) até o final de janeiro de 2037.

O acordo preliminar estabelece que a agência reguladora estadual Artesp terá nove meses para confirmar os cálculos de reequilíbrio econômico das concessões da CCR antes da assinatura de um acerto definitivo.

A CCR afirmou que o acordo prevê também “a redução da taxa interna de retorno (TIR) contratual nos cálculos dos desequilíbrios que lhes são desfavoráveis”. Além disso, para o cálculo da recomposição do equilíbrio da concessão da AutoBAn, “serão adotadas reduções das TIRs” para os eventos de desequilíbrio ocorridos depois do acerto dos contratos de 2006, “em substituição às taxas pactuadas originalmente no contrato de concessão”.

A companhia também afirmou que a ViaOeste se comprometeu a realizar novos investimentos que serão passíveis a reequilíbrio da concessão a depender da avaliação da Artesp.

Na avaliação do Itaú BBA, a assinatura é um marco crucial para a CCR, por mitigar o risco regulatório e abrir espaço para novas mudanças contratuais no futuro. O acordo indica um valor presente líquido de R$ 3,50 por ação, acima da estimativa anterior do banco, de R$ 3 por ação (também em linha com a projeção do mercado).

A XP estima R$ 8,5 bilhões de Valor Presente Líquido (VPL) para a CCR, ou R$ 4,20 por ação, um pouco abaixo do caso-base anterior dos analistas da casa, de R$ 4,60 por ação. Apesar do leve downside de cerca de 3% em relação ao preço-alvo, os analistas veem o anúncio como uma grande notícia positiva (o principal catalisador que eles esperavam para a convergência das ações para seu valor justo). Os analistas reiteraram visão positiva para a CCR.

Na avaliação do Credit, a CCR fechou um acordo que deve gerar valor para os acionistas. O banco estima um valor presente líquido de R$ 8,2 bilhões, e avalia que o acordo reduz o risco do investimento e permite à empresa focar em projetos futuros. O banco diz que esperava mais compromissos de investimento do que os anunciados. Na avaliação do Credit, o acordo possibilita à CCR que adicione investimentos aos contratos atuais, com a assinatura de novas emendas, e que foque em projetos futuros.

CSN (CSNA3)

A CSN informou que a CSN Cimentos, companhia controlada pela CSN, celebrou, em 29 de junho de 2021, contrato pelo qual pretende adquirir o controle da Elizabeth Cimentos e da Elizabeth Mineração.

O negócio, que foi avaliado em R$ 1,08 bilhão, envolve pagamento em caixa, aporte de capital e assunção de dívidas. A companhia destacou que o fechamento da operação está sujeito a condições precedentes usuais em operações desta natureza, inclusive a aprovação por parte das autoridades concorrenciais.

“A aquisição das sociedades adiciona uma capacidade produtiva para a CSN Cimentos de 1,3 milhões de toneladas por ano através de equipamentos modernos, além de substanciais reservas de calcário de alta qualidade. São esperadas relevantes sinergias operacionais, logísticas, de gestão e comerciais, com espaço para evolução de mix de produtos e expansão da base de clientes”, afirmou a empresa.

O movimento, destacou a empresa, se insere na estratégia de expansão da CSN Cimentos em meio à recuperação do
consumo de cimento no Brasil, demonstrando a capacidade da empresa de assumir papel de destaque na consolidação do setor. Com o fechamento da operação, a CSN Cimentos passará a ter uma capacidade total de 6,0MTPA e presença cada vez mais abrangente no território nacional como um produtor relevante e de baixo custo.

A empresa manterá seus acionistas e o mercado em geral devidamente informados dos desdobramentos da operação, nos termos da legislação aplicável.

G2D (G2DI33)

A XP iniciou a cobertura de G2D com recomendação de Compra e preço-alvo de R$ 7 por ação. Considerando o acesso ainda limitado ao mercado de Venture Capital (VC), os analistas acreditam que a G2D seja um ótimo veículo para pessoas físicas ganharem exposição a empresas em estágio inicial e pré-IPO com liquidez.

“Nossa visão positiva é baseada no portfólio de alto crescimento da G2D, embora compensado pelos riscos do mercado de Venture Capital (VC) e da empresa, que acreditamos que deve levar seu desconto ao Valor Líquido dos Ativos (NAV) para 0%, versus desconto atual de 4,0%”, apontam os analistas.

Oi (OIBR3;OIBR4)

Segundo a coluna do Broadcast, no Estadão, a Oi avançou uma casa na batalha jurídica que se estende desde a aprovação de seu novo plano de recuperação judicial na assembleia de credores em setembro. O processo vinha sendo contestado por Santander, Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste. A 8ª Câmara do Tribunal de Justiça do Rio concluiu nesta terça, 29, o julgamento dos recursos e confirmou, por unanimidade, o voto da desembargadora relatora, Monica de Piero, e do juiz do processo de recuperação, Fernando Viana, no sentido de homologar a decisão da assembleia de credores – conforme apurou a Coluna com fontes a par do assunto. O documento com a decisão deve ser expedido ainda nesta semana.

Vale (VALE3) e siderúrgicas 

Os contratos futuros do minério de ferro negociados em Dalian caminham para o sétimo trimestre consecutivo de ganhos, embora uma queda nas margens de lucros das usinas siderúrgicas chinesas tenha pressionado as cotações nas últimas sessões de junho.

Nesta quarta-feira, o contrato mais negociado do minério de ferro na bolsa de commodities de Dalian, para entrega em setembro, fechou em queda de 0,7%, a 1.165 iuanes (US$ 180,50) por tonelada, acumulando perda de 14,2% desde a máxima recorde atingida em 12 de maio.

Ainda assim, o preço do minério caminha para terminar o trimestre com ganho de cerca de 20%, ajudado pelo rali de maio.

A demanda robusta pela matéria-prima siderúrgica na China, maior produtora de aço do mundo, empurrou os preços do minério de ferro para máximas recordes, em um rali também desencadeado pelo que autoridades chinesas classificaram como um excesso de especulações no mercado.

Agora, o alto custo das matérias-primas, combinado com a redução da demanda por produtos de aço na China, estão pressionando as margens de lucro das siderúrgicas, disseram analistas.

“Os preços do aço caíram de forma acentuada desde as máximas de maio”, disse Robert Rennie, head de estratégias em mercados financeiros da Westpac. “Com o carvão coque em máximas de dois anos e o minério de ferro perto de níveis recordes, a lucratividade das usinas colapsou.”

Ânima (ANIM3)

A Ânima anunciou na terça-feira venda de três escolas em Santa Catarina para a Bahema Educação, em uma operação que incluiu compromisso de sublocação de espaços em campi da companhia de ensino superior.

O preço de venda acertado das Escolas Internacionais de Florianópolis e de Blumenau e do Colégio Tupy, em Joinville, é de R$ 36,45 milhões.

O compromisso da Bahema de sublocação de espaços nos campi de ensino superior da Ânima em Joinville, Blumenau e Florianópolis envolve a abertura de escolas da própria Bahema. O valor a ser pago por ano é de R$ 816 mil, corrigidos por IPCA. O prazo mínimo é de 10 anos.

Além destes espaços, a Bahema também tem que locar espaços em outros campi da Ânima. “Estima-se, em um cenário base, a sublocação de 15 espaços adicionais, a um valor presente líquido (VPL) R$ 54,27 milhões, considerando fluxo dos 20 primeiros anos dos contratos de locação”, afirmou a Ânima em comunicado ao mercado.

“Caso a Bahema não subloque ao menos cinco outros espaços nas instituições de ensino superior da Ânima Educação até 2025, será devida uma multa de R$ 1 milhão para cada espaço que deixar de ser sublocado”, acrescentou a companhia.

O Itaú BBA classificou o negócio anunciado pela Anima como positivo, por avaliar que permitirá à empresa focar em seu negócio principal, que é o setor de ensino superior. O  negócio faz parte do esforço da empresa de reduzir o endividamento após a compra de ativos da Laureate. Também avalia que a sublocação dos campi da Anima é um bom uso dos espaços em horários ociosos. O banco mantém recomendação outperform (perspectiva de valorização acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 19, frente à cotação de R$ 13,92 de fechamento na terça.

Petrobras (PETR3;PETR4)

O presidente da Petrobras, general da reserva Joaquim Silva e Luna, se reuniu na terça na sede da estatal com a diretoria do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), grupo que reúne representantes de caminhoneiros, para ouvir demandas da entidade, informou a petroleira em nota à imprensa. Em maio, o CNTRC havia defendido em carta aberta ao presidente Jair Bolsonaro que o governo deveria taxar exportações de petróleo e utilizar a arrecadação para reduzir impostos sobre combustíveis.

Ainda no radar da petroleira, está prevista nesta sessão a precificação da oferta de sua participação nas ações da BR Distribuidora (BRDT3).

BB Seguridade (BBSE3)

A BB Seguridade Participações comunicou que Marcio Hamilton Ferreira apresentou na véspera pedido de renúncia aos cargos de Diretor-Presidente e de membro do Conselho de Administração, com efeitos a partir de 1 de julho de 2021.

Ferreira vai para exercer novas funções no conglomerado Banco do Brasil.

Ele será substituído por Ullisses Christian Silva Assis, atual Diretor Comercial e de Marketing da Brasilprev, para completar os mandatos 2021-2023 como Diretor-Presidente e como membro do Conselho de Administração.

Segundo o Bradesco BBI, a mudança foi inesperada, já que Ferreira assumiu o cargo de CEO em outubro de 2020. “No entanto, não esperamos qualquer interrupção na estratégia da BB Seguridade neste momento”, apontam os analistas.

O Credit Suisse aponta que o impacto da notícia é neutro. Hamilton renunciou para assumir uma nova função no Banco do Brasil, enquanto o novo CEO tem boas credenciais, como carreira de 21 anos no BB.

Ambipar (AMBP3)

A Ambipar fechou mais uma aquisição nesta semana, da empresa EMS Environmental, dos Estados Unidos. A companhia é focada em emergências ambientais e remediação do solo e possui três bases operacionais, tendo faturado US$ 3 milhões de em 2020.

Magazine Luiza (MGLU3)

O Magazine Luiza irá abrir pelo menos 50 lojas no Estado do RJ nas próximas semanas, um mercado responsável por 15% do varejo nacional. O movimento será feito em três ondas, sendo abertas 23 novas lojas no início de julho. Hoje, a companhia possui apenas quiosques dentro de lojas Marisa e lojas virtuais (sem estoque) e, portanto, marca a entrada efetiva da Magalu no Estado.

A campanha de marketing irá incluir 44 mil guarda-sóis adesivados assim como todos quiosques da orla, colar a marca no BRT com wifi gratuito nos próximos 6 meses e um laser a partir do Cristo para as 23 lojas em sua noite de inauguração.

“Vemos o movimento como positivo para Magalu, pois agrega capilaridade à companhia em um estado com forte concentração de renda. Acreditamos que o papel deva reagir positivamente à notícia, enquanto outros players podem sofrer devido ao aumento de concorrência em um estado com forte participação no varejo”, aponta a XP.

Klabin (KLBN11)

A Klabin informou nesta terça-feira que seu conselho de administração aprovou 23 projetos especiais e expansões de capacidade em suas instalações que devem consumir investimentos totais de R$ 342 milhões entre este ano e 2022.

Do total orçado, R$ 125 milhões serão desembolsados este ano e o restante será em 2022, afirmou a fabricante de papel para embalagens e celulose.

Segundo a companhia, a maior parte dos recursos dos projetos será aplicado em aumento de capacidade de conversão de papéis em embalagens. Com isso, as fábricas da empresa em Betim (MG) e Goiana (PE) receberão duas novas impressoras e a unidade fabril da empresa em Lages (SC) terá uma nova linha de sacos “para miscelânea”.

“Os demais projetos estão distribuídos em todos os segmentos de atuação da Klabin e focados substancialmente na otimização de custos”, afirmou a companhia.

A empresa acrescentou que os projetos “contam com rápido e alto retorno”, uma vez que o “baixo investimento em relação à geração de caixa esperada… faz com que a sua implementação contribua para a aceleração da desalavancagem da companhia no atual ciclo de crescimento”.

A XP vê o anúncio como positivo, uma vez que contribui para o ciclo de crescimento e aceleração da desalavancagem da Klabin. A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 32 por ação.

Localiza (RENT3)

A Localiza assinou acordo de leniência com MPF sobre controlada Car Rental. A companhia disse que o acordo envolve a fatos relacionados à controlada em 2010 e não implica em pagamento adicional de valores.

Banco Inter (BIDI11)

O Conselho de administração do Banco Inter aprovou o pagamento de proventos de R$ 31,1 milhões em forma de juros sobre capital próprio (JCP).

Elétricas

A Aneel realizou na véspera  uma reunião de diretoria extraordinária para discutir o aumento da tarifa para a Bandeira Vermelha 2. A agência decidiu por um aumento provisório da tarifa para R$ 9,49/100KWh (aumento de 52%) para julho e agosto, enquanto uma consulta pública é realizada nos próximos 30 dias. Somente após a consulta uma tarifa será decidida para o resto do ano.

Embora seja relevante para a inflação, a XP não acredita que isso afete diretamente as empresas de energia. O aumento tarifário pode incentivar alguma redução no consumo de energia, mas isso tem impacto limitado sobre as empresas de distribuição, afirma a equipe de análise.

Por outro lado, o fato dessa medida ser necessária sinaliza uma hidrologia desafiadora à frente, o que pode impactar algumas empresas de geração como CESP, Engie e AES.

Fonte: Infomoney