Procura novas opções para diversificar a sua carteira e aumentar o seu patrimônio? Então você precisa entender como funcionam os Fundos de Investimentos
Os fundos de investimento são uma opção capaz de agradar diversos perfis de investidores. De um lado, eles são simples – e, por isso, adequados para quem está querendo sair da poupança e começar a fazer aplicações mais rentáveis. De outro, há fundos sofisticados, para quem já está habituado ao mercado financeiro.
Não são poucos os brasileiros que já perceberam as vantagens – entre elas a gestão profissional da carteira e possibilidade de diversificar os investimentos mesmo para quem tem pouco dinheiro.
No país, os fundos somam patrimônio de quase R$ 5,2 trilhões, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) levantados em agosto de 2019.
Você já se interessou por investir em fundos, mas não sabia por onde começar? Esse guia é para você. Aqui, o InfoMoney explica todos os detalhes dessa alternativa de investimento: como funciona, quanto custa, quem administra, como aplicar. Confira:
O que são Fundos de Investimento?
Fundos são uma espécie de “condomínio” de investidores. Eles reúnem os recursos de diversas pessoas, para que sejam aplicados em conjunto no mercado financeiro e de capitais. Os ganhos obtidos com as aplicações são divididos entre os participantes, na proporção do valor depositado por cada um.
A soma do dinheiro dos investidores forma o patrimônio do fundo, que é aplicado por uma instituição ou profissional (gestor). As decisões sobre o que fazer com os recursos devem obedecer objetivos e políticas predefinidos. Os investimentos podem ser bem-sucedidos ou não – e isso determinará a valorização ou desvalorização das cotas dos fundos.
Como funcionam os fundos de investimento?
O funcionamento dos fundos segue uma dinâmica própria, mas relativamente fácil de entender. Abaixo, listamos alguns aspectos importantes:
Composição da carteira e classificação
Os fundos podem investir em ativos de muitos tipos, como ações, CDB, debêntures, moedas, derivativos e até investimentos estrangeiros. Mas existem algumas regras gerais sobre a concentração de investimentos, com o objetivo de proteger os investidores.
Uma delas diz respeito a limite de aplicação por emissor dos papéis. Os fundos podem investir no máximo 20% do patrimônio em ativos emitidos por uma mesma instituição financeira. No caso de empresas de capital aberto e outros fundos, o limite é de até 10% do patrimônio, e de 5% para os demais emissores. Não há limite para títulos públicos federais.
Também há uma série de limites relacionados ao tipo de ativo incluído na carteira e aos investimentos realizados no exterior, discriminados na regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Como as possibilidades de combinações de investimentos é enorme, os fundos são classificados de acordo com a composição das suas carteiras e os fatores de risco a que estão expostos. O objetivo é facilitar o acesso dos investidores a informação e auxiliá-los na escolha entre as inúmeras opções disponíveis. Você conhecerá mais sobre os tipos de fundos mais adiante neste guia.
Cotas
O patrimônio dos fundos é dividido em cotas. Quando aplica em um fundo, um investidor, na verdade, adquire cotas deles. Se você quer investir R$ 10 mil em uma carteira que tem cotas valendo R$ 10 cada, conseguirá adquirir um total de mil cotas.
A rentabilidade obtida pelo investidor também é calculada a partir do valor das cotas. No exemplo anterior, se as cotas de R$ 10 estiverem valendo R$ 15 depois de um ano, significa dizer que o retorno no período foi de 50%.
Custos: taxa de administração e de performance
Algumas taxas são cobradas dos investidores para remunerar as instituições envolvidas com o fundo – como o administrador e o gestor. Ao escolher uma carteira para investir, é necessário considerar esses valores, porque eles têm um impacto direto sobre o retorno. Afinal, os custos devem ser descontados do ganho com a valorização das cotas para que se saiba exatamente qual é a rentabilidade líquida.
A taxa de administração existe em todos os fundos. Ela remunera os serviços de administração e gestão, e incide sobre o patrimônio mantido pelo investidor. Essa taxa é divulgada como um percentual anual, normalmente, entre 0,5% e 4% ao ano. No entanto, a cobrança não é feita de uma vez só – e sim gradualmente e proporcionalmente.
Já a taxa de performance é uma remuneração baseada no resultado. Equivale a um bônus cobrado pelo administrador por ter conseguido entregar ao investidor uma rentabilidade superior à de um referencial previamente combinado.
Num fundo de ações, a referência pode ser o Ibovespa. Assim, se ele tiver desempenho melhor que o do índice num determinado período, parte do ganho excedente – 10% ou 20%, por exemplo – ficará com o administrador.
Tributação e Come-cotas
Assim como em outros investimentos, as aplicações em fundos pagam impostos. São dois os principais tributos que incidem nas carteiras: Imposto de Renda e IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
O Imposto de Renda incide na rentabilidade dos fundos. Assim, se durante um ano uma carteira rendeu 10%, é sobre esse valor que as alíquotas serão aplicadas. Para efeitos de tributação, os fundos são divididos em três tipos:
• Fundos de longo prazo: papéis com vencimento em mais de 365 dias, em média
• Fundos curto prazo: papéis com vencimento em menos de 365 dias, em média
• Fundos de ações
A tributação dos fundos de curto e de longo prazo segue uma tabela regressiva, segundo a permanência do investidor na aplicação. Significa que você pagará menos Imposto de Renda caso mantenha seu dinheiro investido por mais tempo. O IR é cobrado na fonte e recolhido pelo administrador. As tabelas de alíquotas são as seguintes:
Fundos de Curto Prazo
Até 180 dias de aplicação | 22,5% |
Acima de 180 dias de aplicação | 20% |
Fundos de Longo Prazo
Até 180 dias de aplicação | 22,5% |
De 180 a 360 dias de aplicação | 20% |
De 361 a 720 dias de aplicação | 17,5% |
Acima de 720 dias de aplicação | 15% |
Ao contrário de outros investimentos, a cobrança de IR nos fundos de curto e longo prazo não acontece apenas na hora do resgate. Ela é semestral. Duas vezes por ano, no último dia útil dos meses de maio e novembro, os administradores calculam quanto os investidores devem de imposto considerando a menor alíquota aplicada em cada categoria. A cobrança é feita recolhendo cotas do fundo – por isso, esse sistema é conhecido como “come-cotas”.
Se por acaso o investidor decidir resgatar os recursos em um período mais curto, em que as alíquotas de IR seriam maiores do que recolhidas pelo come-cotas, o cálculo da diferença entre o que já foi pago e o que resta acertar é feito e os valores, retidos pelo administrador.
Nos fundos de ações, o esquema é diferente – e, na verdade, bem mais simples. Incide uma alíquota única de IR de 15% sobre o rendimento, cobrada na fonte, no momento do resgate das cotas.
Já o IOF incide sobre o rendimento apenas nos resgates feitos em um período inferior a 30 dias a partir da aplicação. A alíquota pode variar de 96% a 0%, dependendo do prazo.
Tipos de fundos
Os fundos de investimento são classificados em alguns tipos distintos, dependendo das aplicações que predominam na carteira e das estratégias que adotam. Essa classificação é importante porque facilita o trabalho do investidor na hora de escolher. Se seu objetivo é aplicar em ações, basta que ele avalie as opções incluídas na categoria “fundos de ações”.
Conheça abaixo os tipos de fundos mais comuns:
Fundo cambial e de ouro
Os fundos cambiais investem acima de 80% do patrimônio em ativos que sejam relacionados a outras moedas. Os mais conhecidos são os fundos cambiais de dólar, que procuram acompanhar a cotação da moeda americana.
Eles podem ser uma opção para investidores que desejem se proteger das variações cambiais ou que estejam programando uma viagem ao exterior. O principal fator de risco de um fundo desse tipo é exatamente a variação do preço de moedas estrangeiras.
Fundo de ações
Para serem chamados assim, os fundos de ações devem investir no mínimo 67% do patrimônio em ações negociadas em mercado de bolsa ou balcão organizado. O restante pode ser distribuído entre outros tipos de ativos. O principal fator de risco é a variação do preço dos papéis incluídos na carteira.
Os fundos de ações costumam ser recomendados para quem tem objetivos de longo prazo, já que a exposição a riscos (em troca de uma expectativa de rentabilidade mais elevada) é grande.
Fundo Multimercado
Nos fundos multimercado, a política de investimento pode envolver vários fatores de risco, sem o compromisso de concentração em nenhum em especial. Cabem, nesse tipo de carteira, aplicações de renda fixa, câmbio, ações e derivativos (principalmente para alavancagem).
Fundo de Renda Fixa
Os fundos de renda fixa devem aplicar pelo menos 80% dos recursos em ativos de renda fixa – e, exatamente por isso, o principal fator de risco é a variação da taxa de juros ou de índices de preços.
Existem alguns tipos distintos de fundos de renda fixa. Os fundos DI são os mais populares. Eles fazem aplicações (basicamente em títulos do governo federal) de modo a perseguir a rentabilidade da taxa do CDI. São considerados de baixo risco.
Também há fundos de renda fixa de crédito privado, em que o volume mais significativo das aplicações é destinado a papéis privados – emitidos por empresas. Por essa razão, costumam ser considerados mais ousados.
Um terceiro tipo que está se tornando mais comum são os fundos de debêntures incentivadas, um tipo de fundo de crédito privado (já que os seus recursos são aplicados em papéis emitidos por outras empresas) com características específicas. A principal é o fato de serem isentos da cobrança de Imposto de Renda.
Fundo de Previdência
É nos fundos de previdência privada que são aplicados os recursos dos investidores que possuem planos de previdência (também conhecidos pelas siglas PGBL e VGBL). Eles envolvem alguns benefícios tributários para estimular as pessoas a economizarem dinheiro no longo prazo, especialmente para a aposentadoria.
Fundo Imobiliário
O fundo de investimento imobiliário reúne investidores interessados em aplicar em empreendimentos imobiliários sem ter de, necessariamente, comprar um imóvel diretamente.
Esses fundos são fechados – e, por isso, o resgate de cotas não é permitido. Muitos deles, no entanto, são listados na bolsa de valores e negociados como ações. O rendimento distribuído por essas carteiras é isento de Imposto de Renda.
Estrutura de um fundo de investimentos
Uma série de instituições estão envolvidas na criação e na manutenção de um fundo de investimento. Cada uma delas tem uma função específica, definida na regulação e essencial para a existência da carteira.
É importante que os investidores conheçam essa estrutura para que saibam o que esperar de cada participante e também a quem recorrer em caso de dúvidas ou problemas. Confira mais sobre o assunto abaixo:
Gestor
O gestor é quem decide que investimentos serão feitos com o dinheiro aplicado pelos investidores no fundo. Ele escolhe quais ativos – ações, moedas ou títulos públicos, por exemplo – serão comprados ou vendidos, em que quantidade e a que preço.
Para tomar essas decisões, o gestor sempre deve ter em vista a perspectiva de retorno, o nível de risco e a liquidez de cada papel. Também precisa considerar a política de investimento e os objetivos definidos no regulamento do fundo.
Além disso, cabe ao gestor estabelecer o contato com os intermediários que podem realizar as operações (como as corretoras de valores), além de exercer o direito de voto decorrente dos ativos mantidos pelo fundo.
Os gestores precisam ser registrados junto à CVM. Podem ser pessoas físicas ou jurídicas – e nesse caso, também são conhecidos como “assets”.
Administrador
A criação de um fundo depende de um administrador. Ele é uma instituição financeira que define as principais características das carteiras, seus objetivos e políticas de investimento. É sua obrigação a prestar um conjunto de serviços relacionados ao funcionamento e à manutenção do fundo.
Nem todos esses serviços precisam necessariamente ser executados pelo administrador, que pode terceirizar parte deles. Por exemplo, a gestão da carteira, a consultoria de investimentos, as atividades de tesouraria, a distribuição das cotas, a escrituração de emissão e de resgate das cotas e a custódia dos ativos financeiros.
O administrador assume uma série de responsabilidades perante os cotistas e a CVM. É sua função elaborar e divulgar as informações periódicas (o valor das cotas, por exemplo, que deve ser informado diariamente) e eventuais (os fatos relevantes ou comunicados com os cotistas). Também é obrigação dele manter serviço de atendimento que prestem esclarecimentos e recebam reclamações dos cotistas.
Somente pessoa jurídica autorizada pela CVM para realizar administração de carteira pode ser administrador de um fundo de investimento.
Custodiante
Embora sejam escolhidos e negociados pelo gestor, os ativos que compõem um fundo de investimentos são mantidos por instituições financeiras conhecidas como custodiantes. Além da “guarda” dos papéis, o custodiante também responde pelos dados e pelo envio de informações do fundo aos gestores e administradores.
Na prática, o registro, a liquidação física e financeira (ou seja, a efetivação da compra e da venda) e o exercício dos direitos e obrigações sobre os investimentos feitos pelo fundo são todas funções do custodiante.
Auditor
A contratação de um auditor independente pelo administrador é uma exigência para que um fundo possa existir. Cabe a ele auditar – ou seja, conferir – as demonstrações contábeis da carteira. O objetivo desse trabalho é garantir aos investidores que a administração está ocorrendo dentro das regras e normas estabelecidas, dando transparência ao mercado.
Assim como o administrador e o gestor, o auditor também precisa ser devidamente registrado junto à CVM para exercer suas funções.
Distribuidor
Para que comece a receber aplicações, um fundo precisa ser oferecido aos investidores. Isso é feito por uma rede de distribuidores, que pode incluir ainda bancos e corretoras. São essas instituições que “vendem” as cotas aos interessados. Os distribuidores podem ser ligados ao administrador do fundo ou não.
Assembleia geral de cotistas
O administrador ou o gestor tomam a maioria das decisões administrativas e de investimento do fundo por conta própria. Mas algumas questões só podem ser decididas em uma assembleia geral de cotistas, que é a instância máxima de decisão de um fundo. Entre outros assuntos, é o caso de:
• Alterações na política de investimento e no regulamento do fundo;
• Aumento ou alteração na forma de cálculo das taxas de administração, de performance, de entrada e de saída;
• Substituição do administrador, gestor ou custodiante.
Além de decisões como essas, a assembleia geral também deve ser realizada anualmente para que os cotistas analisem e deliberem sobre as demonstrações contábeis do fundo. Tanto o administrador quanto o gestor, o custodiante e o cotista (ou grupo de cotistas) que possua mais de 5% das cotas também pode convocar uma assembleia geral.
No entanto, o administrador e o gestor não podem votar na reunião, assim como seus sócios, diretores e funcionários, as empresas ligadas a eles, os prestadores de serviço do fundo e seus sócios, diretores e funcionários.
Os cotistas devem ser convocados por correspondência com pelo menos dez dias de antecedência. Cada cota do fundo dá direito a um voto e a reunião pode ser realizada com a presença de qualquer número de cotistas – que também podem votar por comunicação escrita ou eletrônica enviada ao administrador. O resumo das decisões deve ser informado em até 30 dias.
Fundos Abertos x Fundos Fechados
O fundo em que você está interessado é aberto ou fechado? Esse é um aspecto importante – entre outras razões, porque determina se, de fato, é possível fazer a aplicação ou não.
Nos fundos chamados de abertos, a aplicação e o resgate podem ser realizados nas instituições responsáveis pela distribuição das cotas – como bancos ou corretoras – quando o investidor quiser. Já nos fundos fechados, a entrada e a saída dos cotistas não acontece a qualquer tempo – e sim, apenas em momentos específicos.
Os fundos fechados recebem investidores durante o chamado “período de captação”. Quando esse prazo termina, não são admitidos novos cotistas, nem novos investimentos pelos antigos cotistas. Eles só poderão voltar a aplicar no fundo quando houver mais uma “rodada de investimentos”.
Da mesma forma, o resgate das cotas também tem data certa para acontecer, que é o prazo de encerramento do fundo – normalmente, alguns anos depois. Se precisar do dinheiro antes disso, o cotista terá de vender sua parte a outros investidores. Essa negociação eventualmente pode ocorrer em mercados organizados de bolsa ou balcão.
É seguro investir em fundos?
Investir em fundos é como investir em qualquer outra classe de ativos: envolve mais ou menos riscos dependendo da expectativa de retorno. Como existem fundos que aplicam os recursos dos investidores em quase todo tipo de mercado, o nível de risco varia fortemente dependendo da opção escolhida.
Do ponto de vista administrativo, os fundos têm uma vantagem: eles possuem um CNPJ próprio. Isso significa que os recursos depositados pelos investidores são mantidos em uma estrutura apartada do gestor ou do administrador. Assim, se alguma dessas instituições quebrar, o dinheiro do fundo está protegido.
Listamos abaixo alguns tipos de riscos presentes no investimento em fundos:
Risco de crédito
Se você optou por um fundo que faça aplicações em renda fixa, está sujeito ao risco de crédito dos papéis. Ele representa a chance de o emissor dar “calote” nos investidores.
Pense em uma debênture lançada por uma empresa. Quem compra o papel espera receber, no futuro, o principal investido e mais juros. Sempre existe, no entanto, a possibilidade de que a empresa passe por problemas de caixa e deixe de honrar com esse compromisso (ou o faça em um prazo diferente do acertado, ou em valor distinto). Esse é o conceito de risco de crédito.
Quanto mais sólido é o emissor e suas finanças, menor tende a ser o risco de crédito dos seus papéis. O contrário também é verdadeiro.
Risco de mercado
Muitas vezes um fundo faz uma aplicação em um mercado – de ações, de títulos públicos ou qualquer outro – na expectativa de que o desempenho dele será positivo, mas isso não acontece. Seja por uma mudança econômica inesperada, seja por uma situação especial vivida pelo emissor dos papéis incluídos na carteira. O fato é que algumas situações são imprevisíveis.
As oscilações de preço causadas pelos eventos que ocorrem sistematicamente representam o risco de mercado. Todos os fundos estão sujeitos a ele. Existem algumas maneiras de mitigá-lo, com operações que ajudam a “blindar” a carteira, mas ele nunca desaparece por completo.
Risco de liquidez
O risco de liquidez representa a chance de que o investidor perca dinheiro por uma incapacidade do gestor de liquidar uma operação incluída na carteira sem redução de valor.
Imagine que seu fundo aplique em ações que sejam muito pouco negociadas na bolsa de valores. A dificuldade de encontrar quem compre esses papéis pode levar o gestor a adiar a venda ou a ser obrigado a conceder um grande desconto nos papéis. Eis o risco de liquidez.
Fundos de todos os tipos podem estar sujeitos a esse risco, dependendo do tipo de aplicação que realizam. Conhecer a composição da carteira é uma forma de estar preparado para encará-lo.
Proteção do FGC?
Ao contrário de outros produtos financeiros, como os CDBs e as letras de crédito imobiliário (LCI), os fundos não contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos. O FGC, como também é chamado, oferece uma espécie de seguro: ele reembolsa os investidores em até R$ 250 mil (por CPF) no caso de a instituição financeira sofrer uma intervenção ou passar por liquidação.
Vantagens de investir em fundos
Depois de ler tantas informações até aqui, você deve estar se perguntando: por que investir em fundos, e não em outras modalidades? Assim como qualquer outro produto financeiro, há vantagens e desvantagens de aplicar neles.
Entre as vantagens, uma das principais é contar com a gestão de um profissional especializado, que tomará decisões de investimento baseadas em uma série de critérios e análises. Um investidor iniciante, por exemplo, dificilmente teria condições de fazer isso por conta própria.
Esse é o lado bom. Já a desvantagem é o fato de que todas as decisões ficam a cargo do gestor, sem que o investidor tenha a possibilidade de interferir nelas ou de escolher, ele mesmo, os ativos que serão comprados ou vendidos.
Investir em fundos também permite realizar uma diversificação mesmo sem ter muito dinheiro para investir. Isso porque a carteira dos fundos costuma estar alocada em vários ativos, e não concentrada.
Além disso, os fundos podem dar acesso a uma série de investimentos que não estariam disponíveis às pessoas de outra forma. Pense em alguém que tenha R$ 500 por mês para investir. Considerando as cotações do início de setembro de 2019, não seria possível comprar nem 15 ações de uma empresa como a Vale diretamente na B3 com esse valor, por exemplo. Mas dá para investir em um fundo de ações que aplique nestes – e em muitos – outros papéis.
Por fim, algumas categorias de fundos – como os de previdência – permitem a portabilidade. Significa que se você estiver insatisfeito com a instituição em que fez o investimento, pode solicitar a migração dos recursos para outra. Basta manter a modalidade da aplicação, o que significa que planos do tipo PGBL só podem ser trocados por outros PGBLs. O mesmo vale para os planos do tipo VGBL.
Como escolher um fundo de investimento
Alguns aspectos devem ser considerados por quem está interessado em investir em fundos. Eles são determinantes para a escolha da carteira mais adequada para cada perfil de investidor. Confira:
Lâmina
Um primeiro passo para começar a escolher um fundo é ler a lâmina de informações essenciais das carteiras do seu interesse. Esse documento é uma espécie de resumo que procura simplificar a apresentação das principais informações do regulamento e do prospecto dos fundos.
Em poucas páginas, a partir de um modelo definido, a lâmina deve conter a rentabilidade dos últimos cinco anos, a composição da carteira, as taxas cobradas e o nível de risco do fundo. Precisa ser atualizada mensalmente e costuma trazer dados em gráficos e tabelas para facilitar a compreensão. O administrador deve divulgar a lâmina atualizada de cada fundo em seu site, em lugar de destaque e sem proteção por senha.
Perfil e risco
Verifique se o perfil dos fundos que você está avaliando combina com seu próprio perfil de investidor. Uma das medidas importantes, nesse caso, é seu nível de tolerância a risco. Responda, para si mesmo, perguntas como qual seu patamar de conhecimento sobre o tipo de carteira que está no seu radar ou quanto tempo terá disponível para estudar sobre ela.
Isso ajudará você a tomar uma decisão de investimento mais consciente. Fundos de ações, por exemplo, costumam embutir riscos maiores do que os de renda fixa – você está preparado para isso? Qual seria sua reação se o valor das suas cotas subisse ou caísse 5% em poucos dias?
Mesmo os fundos de renda fixa podem sofrer variações importantes no valor das cotas, principalmente se investirem em papéis de crédito privado ou em títulos públicos de prazo muito longo. Você seria capaz de controlar a emoção em momentos de tensão?
Benchmark
Para que você tenha uma ideia mais clara dos objetivos dos fundos que estiver analisando, vale a pena conferir qual é o seu benchmark. Trata-se de um parâmetro usado como referência para a performance da carteira. Fundos de ações, por exemplo, podem ter o Ibovespa – principal índice do mercado brasileiro – como benchmark. Significa que o gestor vai procurar comprar e vender papéis de modo que a rentabilidade do fundo siga de perto ou supere o Ibovespa em um determinado período.
Já os fundos de renda fixa adotarão como benchmark indicadores de referência relacionados a este mercado – como é o caso da taxa do CDI. Fundos multimercados estabelecem os seus benchmarks de acordo com sua política de investimento. Podem adotar o Ibovespa, o CDI ou outros índices.
Resgate e Liquidez
Entre os aspectos que devem ser considerados na escolha de um fundo estão os seus prazos de resgate das cotas. Os procedimentos devem estar descritos no regulamento para especificar qual será a data de conversão (quando o cálculo do valor das cotas será feito para o pagamento do resgate) e também a data de pagamento (quando os recursos serão disponibilizados ao investidor).
Considere esse exemplo. No regulamento de um determinado fundo consta que a data de conversão ocorre em D+1. Significa dizer que o cálculo do valor das cotas usado como referência para o pagamento do resgate ocorrerá um dia útil após a data da solicitação. Portanto, na data de conversão, as cotas podem estar valendo mais ou menos do que na data do pedido do resgate.
Agora suponha que esse mesmo fundo especifique que a data de pagamento acontece em D+3. Nesse caso, o depósito do dinheiro será feito três dias úteis depois. Dependendo da carteira, esse prazo pode ser ainda maior: D+10, D+30 ou até D+90.
Também é bom saber que alguns fundos podem impor um prazo de carência, que é um período mínimo em que o investidor não pode solicitar o resgate.
Essas características é que determinam se um fundo tem alta ou baixa liquidez, que representa o nível de dificuldade para transformar as suas cotas em dinheiro vivo.
Taxas
O tamanho das taxas cobradas pelos fundos deve ser considerado na escolha, porque elas têm impacto sobre a rentabilidade líquida obtida pelo investidor. Esse é o caso principalmente da taxa de administração. Quanto à taxa de performance, a análise é um pouco diferente.
Como você já aprendeu na seção “Como funcionam os fundos de investimento?”, a taxa de performance é uma remuneração sobre o resultado da carteira. Ela só é aplicada quando o fundo rende acima do indicador de rentabilidade adotado como referência (o benchmark). Se isso não acontece, não há cobrança.
Por isso, a existência da taxa de performance – ou taxa de sucesso, como também é chamada – é considerada um estímulo para o gestor realizar o melhor trabalho que puder. Muitas vezes, fundos que fazem essa cobrança têm um desempenho superior aos outros.
Aplicação inicial
Dentre as condições gerais de investimento, os fundos costumam estabelecer uma aplicação inicial. Isto é, um valor mínimo que o investidor deve aportar na primeira vez que aplica. Esse valor varia muito de acordo com o nível de sofisticação e risco da carteira.
Fundos conservadores voltados para investidores de varejo – como é o caso dos vendidos nas agências dos grandes bancos tradicionais – costumam exigir aplicações iniciais muito baixas. Em alguns casos, com quantias a partir de R$ 100 é possível entrar em um deles.
Já fundos mais arriscados, como alguns tipos de multimercados mantidos por gestoras badaladas, podem demandar um valor inicial elevado.
Em corretoras independentes, encontram-se carteiras que investem até no exterior com investimento de entrada por volta de R$ 5 mil ou R$ 10 mil. Em outros casos, é possível que a exigência fique na casa das centenas de milhares.
Alguns fundos determinam também um valor de movimentação mínima, o que significa que novos aportes – depois do inicial – também devem obedecer uma faixa de corte.
Histórico e rentabilidade
O histórico de desempenho costuma ser uma informação relevante para os investidores que estão avaliando em que fundo aplicar. Ainda que a rentabilidade passada não seja garantia do retorno futuro, sua análise ajuda a identificar como a carteira se comporta em períodos distintos – seja nas épocas de bonança, seja nos tempos de crise.
Isso permite que os investidores estejam preparados para encarar os altos e baixos das cotas, sem maiores sobressaltos. Essas informações ficam disponível nos sites da CVM e da Anbima, além de serem disponibilizadas pelos administradores dos fundos em documentos como a lâmina.
Rating
Vale a pena procurar avaliações externas – de casas de análise ou de especialistas – sobre os fundos que interessam a você. Eles consideram fatores objetivos, como rentabilidade e nível de risco, para indicar quais carteiras são as melhores do mercado.
Um exemplo é o rating de fundos elaborado pela Morningstar, casa de análise americana presente no Brasil desde 2012. A empresa atribui até cinco estrelas a cada carteira – quanto mais, melhor. O objetivo é ajudar os investidores a escolher em qual aplicar.
O rating Morningstar se baseia em três pilares: quanto o fundo cobra em taxas, a rentabilidade em comparação com o CDI e a volatilidade. Para receber a classificação, a carteira precisa ter pelo menos 36 meses de histórico e um track record de cinco a dez anos. O rating é revisado mensalmente.
Acompanhar o Ranking InfoMoney
O InfoMoney também elabora um ranking mensal e outro anual com o objetivo de facilitar a coleta de informações pelos investidores.
Quatro tipos são acompanhados regularmente: fundos de ações, multimercados, renda fixa e imobiliários. Dois aspectos, risco e retorno, são sempre avaliados para chegar à classificação final.
O ranking anual Melhores Fundos InfoMoney-Ibmec analisa as carteiras em termos de retorno ajustado ao risco nos últimos anos para premiar os melhores fundos de investimento do país.
Passo a passo para investir em fundos
Agora que você tem todas essas informações, chegou a hora de colocar tudo em prática e finalmente investir em fundos. Para isso, você pode seguir esse roteiro de passos essenciais:
- Avalie seu perfil e seus objetivos de investimento para entender quais fundos são adequados para o seu caso;
- Procure corretoras de valores e bancos que distribuem fundos;
- Identifique as opções disponíveis que se encaixam com o que você procura;
- Estude a política de investimento do fundo, a partir da lâmina e do regulamento da carteira;
- Fique atento ao histórico de desempenho do fundo e do gestor, procurando identificar como se sai em momentos de estresse no mercado;
- Procure saber se alguma instituição atribui uma classificação de qualidade;
- Verifique a taxa de administração e a possível existência de outras taxas. Analise os valores e as condições;
- Identifique quais são as condições de resgate, para ter certeza de que terá o dinheiro disponível quando precisar;
- Entenda qual é o nível de risco do fundo, pensando tanto em risco de crédito quanto de mercado;
- Faça a aplicação ciente de que os rendimentos poderão ser tributados semestralmente ou, então, na hora do resgate, dependendo do tipo.
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