Ibovespa Futuro sobe e acompanha a recuperação de Wall Street; dólar avança

Nesta sexta, 21, o Ibovespa Futuro abre em alta seguindo mais um dia de recuperação em Wall Street depois da onda de preocupação que tomou conta dos mercados por causa das sinalizações da ata da última reunião do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto).

Na véspera, a Bolsa por aqui acabou tendo um desempenho abaixo dos pares internacionais devido à queda nas cotações do minério de ferro e do petróleo, que acabaram puxando para baixo Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4).

Sobre a Petrobras, a estatal informou que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que determinou que o valor do ICMS a ser excluído da base de cálculo do PIS-Cofins é o destacado em nota fiscal gerará um impacto positivo de R$ 4,4 bilhões no balanço do segundo trimestre da companhia.

Por outro lado, durante sua live, Bolsonaro voltou a prometer nesta quinta-feira mudanças nos preços dos combustíveis da Petrobras, embora tenha dito que não vai interferir na estatal.

Às 9h12 (horário de Brasília), o contrato futuro do Ibovespa com vencimento em junho de 2021 tinha alta de 0,24%, a 123.080 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial opera em alta de 0,33% a R$ 5,294 na compra e a R$ 5,295 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em junho registra ganhos de 0,3% a R$ 5,303.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 opera estável a 5,01%, o DI para janeiro de 2023 fica estável a 6,78%, o DI para janeiro de 2025 recua um ponto-base a 8,25% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de um ponto-base a 8,83%.

Voltando ao exterior, as vendas no varejo no Reino Unido subiram 9,2% em abril, o dobro da projeção média de economistas ouvidos pela agência internacional de notícias Reuters, no que pode ser um indício de que a demanda reprimida começa a ter vazão no país, que vacinou 54,48% de sua população até 18 de maio, segundo dados oficiais compilados pelo site Our World in Data.

A alta das bolsas do continente também é impulsionada pelos PMIs: o índice composto da zona do euro foi a 56,9 pontos, acima da estimativa de mercado de 55,1 pontos. O PMI de serviços ficou em 55,1 pontos, ante a expectativa de 52,3 pontos.

Já os PMIs da Alemanha ficaram abaixo das expectativas, mesmo com forte recuperação. O composto ficou em 56,2 pontos e o industrial ficou em 64 pontos.

No mercado de commodities, o petróleo volta a subir, recuperando-se de três dias de perdas enquanto os investidores se preparavam para o retorno dos suprimentos de petróleo iraniano depois que autoridades disseram que o Irã e as potências mundiais avançaram nas negociações para reviver um acordo nuclear de 2015.

Já o minério de ferro tem um novo dia de queda, em baixa de cerca de 3,39% na bolsa de Dalian, na China, e fechando a semana com desvalorização de 5,4%, na pior semana desde março, em meio às declarações do governo da China que iria adotar mecanismos para reduzir as altas “irracionais” em meio às preocupações com a inflação.

Covid no Brasil

Na quinta (20), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 1.971, queda de 9% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registradas 2.527 mortes.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 65.962, alta de 10% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 83.367 casos. 41.097.928 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 19,41% da população. A segunda dose foi aplicada em 20.208.975 pessoas, ou 9,54% da população.

O ritmo de aplicação da primeira dose da vacina caiu 17% na última semana, segundo dados de secretarias de Saúde.

Na quinta-feira, o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, voltou a falar à CPI da Covid no Senado. Seu depoimento havia sido interrompido na quarta-feira após o general passar mal.

Questionado sobre possível omissão federal na crise de falta de oxigênio no estado do Amazonas, que levou à morte de pacientes no estado em janeiro, Pazuello afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) teria decidido não intervir após ouvir do governador Wilson Lima (PSC), durante reunião ministerial, que não havia necessidade de ajuda.

“Numa reunião ministerial, o governador foi chamado, apresentou sua posição e houve uma decisão de que não seria feita a intervenção (…) O presidente da República estava presente. A decisão foi tomada nessa reunião”, afirmou Pazuello.

Registros do governo do Amazonas indicam que Lima se reuniu com Bolsonaro e Pazuello em 18 de janeiro. Ao jornal O Estado de S. Paulo, o governo amazonense afirmou, no entanto, que nunca rejeitou “qualquer tipo de ajuda relacionada às ações de enfrentamento à Covid-19. Além disso, o Governo do Amazonas sempre pediu a colaboração federal para auxiliar no combate à pandemia”.

Ao ser questionado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) sobre os motivos que levaram o governo a não assumir a gestão da crise no Amazonas, Pazuello afirmou: “Essa decisão não era minha”. O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse que vai propor acareação entre Pazuello e o governador.

Durante a CPI, Pazuello também afirmou que respondeu aos e-mails enviados pela farmacêutica Pfizer a respeito da venda de vacinas ao Brasil. A suposta demora do governo em reagir às ofertas de imunizante da empresa tem sido um dos focos da CPI.

O jornal Folha de S. Paulo publica como reportagem de capa nesta sexta o teor de uma série de e-mails entregue pela Pfizer à CPI em caráter sigiloso, que indica que de 14 de agosto a 12 de setembro, quando o presidente mundial do laboratório mandou uma carta com oferta de doses ao Brasil, a farmacêutica enviou ao menos dez e-mail discutindo e cobrando resposta formal do governo.

A primeira oferta da empresa foi formalizada em 14 de agosto, com 30 milhões a 70 milhões de doses, e início da imunização em dezembro de 2020. Depois disso, a Pfizer enviou e-mails por três dias cobrando uma resposta, até que a representante da farmacêutica Cristiane Santos telefonou para uma técnica da Sctie (Secretaria de Ciência, Inovação e Insumos Estratégicos) do Ministério da Saúde.

“Desculpe, a ligação caiu e não consegui mais contato. Espero que esteja tudo bem com vc! Só queria confirmar se vcs receberam ontem uma comunicação enviada em nome do presidente da Pfizer, Carlos Murillo, com a proposta atualizada de um possível fornecimento de vacinas de Covid-19. Vc me avisa? (sic)”, escreveu Cristiane Santos em seguida.

Em sua live semanal pelas redes sociais na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro criticou a CPI da Covid no Senado. “É um circo, agora os interrogadores, os inquisidores, que inclusive são capitaneados pelo senador Renan Calheiros que disse que não vai investigar desvio de recursos”.

“O Brasil é o país da hipocrisia, a começar com essa CPI. Tinha vontade de voltar a ser deputado para falar o que eu penso sobre essa CPI. Mas sendo presidente, não pega bem. Em especial falar do relator da CPI. Um vexame. Ele foi, realmente, bem intitulado pelo senador Flávio Bolsonaro na semana passada”, afirmou, em aparente referência à declaração do filho senador, que chamou o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), de “vagabundo”.
Bolsonaro voltou a defender o uso da cloroquina, medicamento recomendado para tratamento de malária cuja eficácia contra a Covid não foi cientificamente comprovada, e que foi recentemente contraindicado para a Covid por um grupo de especialistas do Ministério da Saúde.

Sem citar o nome do medicamento, o presidente afirmou: “Tomei aquele negócio para combater a malária e eu usei lá atrás, foi mais ou menos em junho, julho, tomei aquele negócio e no dia seguinte estava bom (…) E vou dizer mais: há poucos dias estava sentindo mal e antes mesmo de procurar o médico –olha só que exemplo estou dando– tomei depois aquele remédio que estava com sintoma, tomei, fiz exame e não estava”.

Acenos a caminhoneiros e fala de Bolsonaro sobre Salles

Enviada na terça-feira ao Congresso pelo presidente Jair Bolsonaro, a Medida Provisória 1.050 aumenta de 10% para 12,5% o limite de tolerância de peso permitido por eixo de caminhões acima de 50 toneladas. No caso de veículos com peso bruto total inferior a 50 toneladas, a margem de tolerância foi extinta.

A medida é um aceno do governo Bolsonaro aos caminhoneiros, que se mostraram insatisfeitos com sucessivos ajustes de combustíveis aplicados pela Petrobras. Este é um dos motivos para a demissão do então presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e sua substituição pelo general Silva Luna.

A MP beneficia caminhoneiros autônomos, transportadoras e donos de cargas. Mas, segundo reportagem do jornal Valor Econômico, o afrouxamento das regras provoca queixas de operadoras privadas de rodovias, autarquias responsáveis pela conservação de estradas e construtoras contratadas para obras de manutenção, que afirmam que o efeito da media será uma degradação mais rápida das vias. Executivos de concessionárias afirmaram ao Valor que cogitam entrar com pedidos de reequilíbrio econômico-financeiro.

Em mais um aceno aos caminhoneiros, o presidente voltou a afirmar, em sua live semanal, que pode entrar com uma ação Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar Estados a não reajustar o ICMS sobre combustíveis, depois de ter dito que estaria havendo aumentos desse imposto estadual após o governo ter congelado o PIS–Cofins, contribuições federais, sobre o diesel.

“A gente entrar com uma ação, acho que pode ser ADPF ou mandado de injunção, para a gente obrigar os governadores a dar um prazo para colocar um valor fixo de cada imposto estadual e não continuar como está aí”, disse.

O presidente disse que o governo federal gastou R$ 3 bilhões para dar um “refresco”, mas não adiantou. Ele se referia ao fato de o Executivo Federal ter zerado temporariamente o PIS-Cofins sobre o diesel. Ele avaliou que o projeto que visava regulamentar uma emenda da Constituição que prevê um valor fixo para impostos estaduais não deve avançar.

O presidente Bolsonaro também saiu em defesa do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, um dia após ele ter sido alvo de operação da Polícia Federal que apura esquema de facilitação e contrabando de madeiras nobres extraídas ilegalmente no país.

“Temos problemas, por exemplo. O ministro Ricardo Salles, um excepcional ministro, mas as dificuldades que ele tem junto a setores aparelhados do Ministério Público, os xiitas ambientais e as dificuldades são enormes”, disse Bolsonaro.

A ação contra Salles na quarta-feira, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, resultou na busca e apreensão de documentos e materiais eletrônicos em endereços ligados ao ministro, bem como a quebra de sigilos bancários e fiscal dele de janeiro de 2018 até maio deste ano.

Na operação contra Salles não houve participação do Ministério Público Federal –que chegou a reclamar não ter sido ouvido para avaliar as medidas a serem tomadas.

Na transmissão, Bolsonaro disse que não é só a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a responsável por ajudar o campo a produzir mais e citou o ministro do Meio Ambiente e o governo federal também.

O presidente rebateu as alegações do ministro do Comércio Exterior do país, Franck Riester, de que não vai confirmar o acordo de livre comércio da União Europeia com o Mercosul caso o Brasil não mude a sua política ambiental.
Para Bolsonaro, há interesses comerciais em defender essas posições porque o Brasil disputa mercados com produtos europeus.

Radar corporativo

A Petrobras informou na quinta-feira que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou que o valor do ICMS a ser excluído da base de cálculo do PIS-Cofins é o destacado em nota fiscal gerará um impacto positivo de R$ 4,4 bilhões no balanço do segundo trimestre da companhia. O impacto informado pela estatal decorre da “melhor estimativa dos valores a serem recuperados para as competências compreendidas entre o período de outubro de 2001 a junho de 2020”, e se refere à cifra antes dos efeitos fiscais.

Em fato relevante, a petroleira acrescentou que sua expectativa é de aproveitar o crédito nos próximos meses, mediante a compensação de tributos federais.

Por outro lado, durante sua live, Bolsonaro voltou a prometer nesta quinta-feira mudanças nos preços dos combustíveis da Petrobras; contudo, ao mesmo tempo, disse que não vai interferir na estatal.

Já executivos da Marfrig Global Foods receberam na véspera a visita do embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, para debater a suspensão das exportações de carnes imposta pelo governo argentino, e esperam que a medida não afete as unidades da companhia no país vizinho. “Segundo o embaixador, a situação é temporária e tende a se regularizar em breve, o que não deve prejudicar as operações da Marfrig no momento”, disse a Marfrig em nota à Reuters. Com isso, a companhia afirmou que pretende manter os investimentos na Argentina, sem dar mais detalhes.

A Usiminas anunciou novo adiamento da reforma do alto-forno nº 3 de sua usina em Ipatinga (MG) e elevou em 12% a estimativa de investimento na tarefa, citando efeitos da pandemia da Covid-19 e desvalorização cambial. Em fato relevante, a companhia explicou que a medida aprovada por seu conselho de administração posterga a reforma do equipamento por 10 meses. Com isso, a unidade seguirá operando normalmente até meados de 2023, quando a reforma vai ser iniciada. O plano anterior, anunciado no fim do ano passado, previa que o equipamento seguiria operando até meados de 2022.

A Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado publicou em nota que a aprovação da medida provisória de privatização da Eletrobras pela Câmara representou importante passo para a integração entre os setores elétrico e de gás, ao prever no texto a abertura para contratação de capacidade de geração térmica a gás.