Caso do minerador que com poder computacional relativamente baixo conseguiu minerar um bloco sozinho e ganhou aproximadamente R$ 1,5 milhão voltou a levantar o questionamento sobre as possibilidades de lucro da mineração caseira.
Na semana passada um minerador com poder de computação reduzido, apenas 126 terahashes por segundo (TH/s), conseguiu minerar sozinho um bloco na blockchain do Bitcoin (BTC). Como recompensa, recebeu 6,25 BTC, o equivalente a aproximadamente R$ 1,5 milhão.
O sucesso e a sorte do minerador solitário, voltaram a levantar uma pergunta que volta e meia vem à tona: ainda é possível minerar Bitcoin de forma amadora e caseira competindo com pools de mineração de proporções industriais?
De acordo com o Dr. Con Kolivas, um engenheiro do software de mineração de Bitcoin CGMiner, as chances do minerador solitário era de um em 10.000 dias como explicou em uma postagem no Twitter:
“Você tem uma chance em 10.000 dias de encontrar um bloco com esse hashrate, então é isso, um bloco em média a cada 10.000 dias (mas a chance vai diminuindo ao longo do tempo à medida que o hashrate global aumenta).”
A rede do Bitcoin se expandiu de tal forma ao longo de seus 13 anos de existência que apenas fazendas de mineração com muitas máquinas de mineração poderosas são realmente lucrativas.
A mineração de Bitcoin é uma atividade na qual os mineradores competem para encontrar um hash válido abaixo do limite da rede. Ao contrário do senso comum, o processamento computacional realizado para encontrar um hash não é complexo. A dificuldade está em encontrar um hash válido, que esteja dentro dos limites estabelecidos pela dificuldade de mineração da rede do Bitcoin naquele momento.
Quanto mais hashes por segundo um minerador for capaz de executar, maior a probabilidade de que ele encontre um bloco válido, transmita-o à rede e receba a recompensa do bloco.
Assim, o sucesso de operações de mineração de criptomoedas depende de alguns recursos fundamentais, a saber: o preço de mercado do ativo minerado, a fonte e o custo da eletricidade e o custo do investimento e manutenção de um equipamento que vai se tornando defasado à medida que máquinas mais poderosas passam a participar da competição.
Custo da mineração de BTC no Brasil
É possível fazer uma estimativa da lucratividade da atividade através do site NiceHash, que inclusive disponibiliza uma calculadora com valores em reais. Não havendo fontes de energia alternativas disponíveis, dificilmente a mineração seria lucrativa na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, onde o KwH está atualmente estimado em R$ 7,00, de acordo com reportagem da Veja Rio do final de dezembro do ano passado.
Torna-se mais difícil ainda se a máquina for um computador pessoal sem uma configuração minimamente dedicada à mineração. Em um computador equipado com um processador Intel Core i9-9900KF, que custa aproximadamente R$ 3.000, a projeção é de que em um mês seja obtido 0,00015189 BTC, o equivalente a R$ 36,45. Considerando-se que o custo da energia elétrica seria de R$ 702,63, o prejuízo seria de R$ 21,47 por dia, totalizando perdas de R$ 666,18 ao final do mês.
Já a mineração de Bitcoin com uma placa gráfica mais nova da Nvidia, como a RTX 3080, seria capaz de se obter 0,00359919 BTC em um mês – R$ 863,62 à cotação de hoje do Bitcoin. Ainda assim, não seria suficiente para cobrir os custos de eletricidade, que ficariam em R$ 1.145,41. O prejuízo seria menor, R$ 10,46 por dia, mas ainda assim não compensaria com o preço do par BTC/BRL em um momento de indefinição como se encontra agora. Sem contar que o investimento para aquisição da placa é de R$ 7.840, excluídos os impostos de importação.
A não ser contando com sorte, mineração de Bitcoin dificilmente seria uma boa opção, hoje, no Brasil. A não ser que se tenha acesso a fontes de energia renováveis que não passem pelo grid das operadoras de energia elétrica, algo pouco provável para os cidadãos comuns.
Mineração de outras criptomoedas
Ainda assim, existem muitas outras opções de criptomoedas que pode ser mineradas em casa. No entanto, é difícil fazer comparações precisas para saber quais seriam de fato a mais lucrativas.
Outras calculadoras de lucratividade, como o CoinWarz, apresentam estimativas baseadas em uma quantidade de poder computacional constante. Com um hardware de US$ 1.000, excluídos impostos, a CoinWarz classifica as seguintes moedas como as cinco mais lucrativas para um morador dos EUA: Ethereum (ETH), Peercoin (PPC), Bitcoin Cash (BCH), Bitcoin e Ethereum Classic (ETC).
-Fonte: Cointelegraph
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