O megapacote de infraestrutura anunciado pelo presidente americano Joe Biden e a forte demanda por commodities ao redor do mundo – em meio a restrições de produção de aço na China e projetos de infraestrutura no gigante asiático – têm chamado a atenção de investidores, que vêm ampliando suas posições em nomes que devem se beneficiar desse momento positivo para o setor.
Esse levantamento aponta 11 corretoras que mostram que Gerdau (GGBR4) é a nova aposta de analistas para Abril, com as expectativas bem otimistas para o setor de siderurgia.
“O ambiente ainda favorável para ativos de risco, com bolsas lá fora nas máximas históricas e expectativas de uma recuperação da economia global, abre espaço para revisões para cima nas expectativas do PIB mundial, comandadas por EUA e China – e essa forte recuperação deve impulsionar o momento favorável para as commodities”, avalia Ricardo Faria França, especialista na área de “research” da Ágora Investimentos.
Neste cenário, companhias de mineração, como a Vale, e de papel e celulose, caso da Suzano, devem se beneficiar em meio à recuperação dos preços nos mercados internacionais, assinala o especialista.
Assim como já foi no mês passado, as ações das duas companhias estão entre as mais recomendadas pelos analistas para abril, segundo o levantamento. Completam a seleção os papéis do Bradesco e da Bolsa brasileira, B3. Saem do portfólio, por outro lado, os ativos de BTG Pactual, Klabin e Rede D’Or.
França ressalta que o cenário de incertezas locais relacionadas à dinâmica da pandemia, com evolução no número de casos de Covid-19, posterga um movimento de recuperação mais consistente da atividade econômica doméstica. Por isso, diz o especialista, é necessário monitorar o noticiário e eventuais medidas a serem adotadas para conter o vírus.
Outro assunto que merece atenção recai sobre o cenário político. “Mesmo com o movimento de aperto monetário, vimos uma alta do dólar, o que indica preocupação dos investidores com a trajetória fiscal. É um tema sobre o qual ainda temos pouca visibilidade e que deve continuar sendo acompanhado ao longo do mês e do ano”, afirma França.
Aline Tavares, gerente da área de análise de ações da Spiti, afirma que abril será um mês para os investidores ficarem atentos a eventos corporativos, com decisões de empresas e prévias operacionais em um trimestre impactado por novas medidas de isolamento social no país. A retomada do pagamento do auxílio emergencial também deve ficar no radar dos investidores, diz.
Confira a seguir as ações mais recomendadas para abril:
Empresa | Ticker | Número de recomendações* | Retorno no 1º trimestre | Retorno em 12 meses |
Vale | VALE3 | 9 | 17,08% | 146,79% |
B3 | B3SA3 | 7 | -9,23% | 59,27% |
Bradesco | BBDC4 | 6 | -1,05% | 45,56% |
Suzano | SUZB3 | 6 | 17,10% | 91,53% |
Gerdau | GGBR4 | 4 | 24,18% | 205,85% |
Ibovespa | – | – | -2% | 59,73% |
Vale (VALE3)
Figurinha repetida na carteira compilada pelo InfoMoney, os papéis da mineradora Vale, que acumulam alta de 146,8% em 12 meses, são novamente os preferidos para investir neste mês, com nove menções.
Na Guide Investimentos, a recomendação se baseia no foco da gestão sobre o controle de custos, além da contínua redução de capex (despesas de capital) e endividamento.
Os analistas defendem ainda que as ações da companhia negociam a múltiplos descontados e que devem continuar a ser favorecidas pelos patamares elevados dos preços de minério de ferro, fruto da menor oferta no mercado.
A Ágora Investimentos tem visão similar e argumenta que a mineradora está bem posicionada para se beneficiar do aumento da produção de minério de ferro, o qual continua surpreendendo positivamente em preço devido à forte demanda chinesa, bem como por conta da recuperação na Ásia e na Europa
Já a Ativa Investimentos diz enxergar possíveis melhoras na governança, bem como no gerenciamento da dívida, o que pode abrir caminho para uma “robusta distribuição de proventos”.
Em fevereiro, a Vale anunciou o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) no valor de R$ 4,26 por ação.
B3 (B3SA3)
Para este mês, os papéis da B3 receberam sete recomendações entre as casas consultadas, sendo uma delas da Ágora Investimentos.
Além do ambiente de juros baixos, que estimula a busca por ativos de maior risco, os analistas da corretora chamam atenção para a grande demanda de candidatos de IPOs, com empresas de diferentes setores abrindo capital e melhorando o mix de mercado disponível para os investidores.
A Necton, que incluiu a Bolsa brasileira em sua seleção para este mês, destaca o forte aumento do volume negociado nos mercados à vista, futuros e derivativos, bem como a alta expressiva no número de investidores pessoas físicas, superando 3,5 milhões de contas em março.
O lançamento de produtos e a maior oferta de ativos estrangeiros, como os BDRs, também são citados pelos analistas da Necton como uma forma de gerar mais atratividade para o mercado de capitais brasileiro.
Em 2020, a B3 registrou lucro líquido de R$ 4,2 bilhões, um crescimento de 53% na comparação com o apurado em 2019.
Apenas no quarto trimestre do ano passado, o lucro líquido da foi de R$ 1,097 bilhão, um aumento de 49,7% sobre o mesmo período de 2019. A companhia divulgou seus resultados no dia 4 de março.
Bradesco (BBDC4)
Presente na carteira compilada pelo InfoMoney desde outubro, as ações preferenciais do Bradesco receberam seis recomendações para este mês e é o papel preferido dentro do setor bancário na Santander Corretora.
A justificativa é de que o banco apresenta uma combinação de melhor execução potencial em despesas administrativas e de vendas; é o maior pagador de dividendos em 2021 entre os grandes bancos; e possui um alto valor em provisões excedentes.
Para a Ativa Investimentos, o setor bancário está descontado por conta do cenário de pandemia, que obrigou bancos a realizarem volumosos níveis de provisão. O Bradesco, contudo, possui níveis seguros de provisão e baixa inadimplência, escreve a casa, em relatório.
Os analistas chamam atenção ainda para uma composição de receita bem diversificada entre intermediação financeira, tarifas, serviços, seguros e previdência.
Além disso, o ambiente de juros estruturalmente baixos deverá fomentar a expansão da carteira de crédito dos bancos, diz o time de análise da Ativa.
Suzano (SUZB3)
Pelo terceiro mês consecutivo, a empresa de papel e celulose Suzano está entre as preferidas das corretoras para investir na Bolsa, com seis menções.
De acordo com a Santander Corretora, que incluiu os papéis na seleção deste mês, a companhia deve se beneficiar de um cenário positivo para o setor neste e no próximo ano, além de se favorecer da exposição ao dólar.
Segundo os analistas, a moeda americana forte somada ao aumento dos preços da celulose deve levar a Suzano a ampliar sua geração de caixa e permitir novas expansões, por meio de aquisições, dada sua rápida e forte desalavancagem.
A empresa também entrou para a carteira da Guide deste mês, devido à forte demanda pela commodity em um cenário de interrupção de fornecimento e de consumo crescente na China.
A avaliação do time de análise é de que a indústria deve se manter aquecida ao longo do ano devido ao aumento de consumo de “tissue” (lenços de papel, papéis-toalha e papel higiênico), bem como por melhores condições econômicas na Zona do Euro.
Gerdau (GGBR4)
Novidade na seleção compilada pelo InfoMoney, as ações da Gerdau voltam a compor o grupo após cinco meses, incluídas nas carteiras recomendadas para abril de BTG Pactual e BB Investimentos.
A companhia é tida pelo mercado como a ação brasileira que mais tende a ganhar com o pacote trilionário do presidente americano Joe Biden. Em 12 meses, os ganhos do papel já superam os 200%.
Em relatório, os analistas do BB chamam atenção para a demanda aquecida do setor de siderurgia somada à implementação de reajustes de preços, como forma de compensar o aumento da matéria-prima (minério de ferro e carvão).
O time de análise destaca ainda a diversificação geográfica das operações da Gerdau, que funciona como uma importante vantagem competitiva, principalmente em um contexto em que as regiões apresentam perspectivas diversas de recuperação econômica.
Já o BTG Pactual argumenta que a inclusão na carteira neste mês se deve ao forte crescimento de receita da empresa, à baixa alavancagem, à geração de fluxo de caixa e por conta da participação temática, no setor imobiliário, com demanda por aços longos.
“Acreditamos que a empresa está bem posicionada para continuar a repassar aumentos de preços e superar as expectativas (pela primeira vez em anos)”, escreve o banco.
Além disso, os analistas destacam as perspectivas positivas para o aumento da lucratividade das operações nos Estados Unidos, principalmente com a aprovação do pacote de infraestrutura do governo Joe Biden no valor de US$ 2,2 trilhões.
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