Ibovespa sobe seguindo bolsas dos EUA após dados fortes de emprego; dólar cai a R$ 5,65

 O Ibovespa opera em alta nesta segunda-feira (5) seguindo as bolsas americanas após duas quedas consecutivas do nosso benchmark no fim da semana passada. O principal driver da sessão é a forte retomada no mercado de trabalho dos Estados Unidos.

O país abriu 916 mil empregos em março, no nível mais alto de geração de vagas desde agosto de 2020. Economistas esperavam uma criação de 675 mil empregos. A taxa de desemprego dos EUA caiu para 6%.

Com os bons sinais sobre a recuperação da economia, os índices Dow Jones e S&P 500 sobem mais de 1% e renovam máximas históricas.

Por aqui, os investidores acompanham as discussões sobre o Orçamento de 2021 em meio a um consenso de que o texto enviado pelo Congresso precisa ser alterado.

À Reuters, uma fonte disse que há acordo do ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MDB-MG), para revisão de premissas e redução à metade das emendas parlamentares. As tratativas sobre o assunto acabariam em algumas semanas e teriam como objetivo tornar o Orçamento viável.

Já o Globo aponta que os avanços na negociação sobre o Orçamento que ocorreram em reuniões no feriado e no fim de semana ainda não foram suficientes para se chegar a um acordo detalhado que permita a sanção da lei sem maiores consequências políticas.

Às 13h04 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha alta de 1,6%, a 117.093 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial opera em queda de 1,09% a R$ 5,652 na compra e a R$ 5,653 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em maio registra baixa de 0,98% a R$ 5,661.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai oito pontos-base a 4,59%, o DI para janeiro de 2023 tem queda de 13 pontos-base a 6,46%, o DI para janeiro de 2025 recua 11 pontos-base a 8,15% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de 12 pontos-base a 8,75%.

As bolsas europeias continuam fechadas devido ao feriado de Páscoa. Na Ásia, a bolsa de Shanghai, na China, não abre devido ao Festival Qingming, e a bolsa de Hong Kong fecha tanto na segunda quanto na terça.

Voltando aos EUA, os dados sobre desemprego contribuem para elevar as expectativas quanto a inflação e crescimento da economia dos Estados Unidos, que, apesar de passarem por uma nova onda de reinfecções por Covid, vacinaram em média 3 milhões de pessoas por dia na última semana.

Na semana passada, o presidente americano Joe Biden revelou seu pacote de infraestrutura e recuperação econômica, que inclui gastos com transporte, banda larga e habitação. O plano vai ser financiado, em parte, com a elevação de impostos corporativos a 28%.

Nesta segunda, o rendimento de títulos do Tesouro com vencimento em dez anos subiu a 1,7181%. E o rendimento de títulos com rendimento em 30 anos subiu a 2,374%.

Relatório Focus

Os economistas do mercado financeiro reduziram mais uma vez suas projeções para o crescimento da economia em 2021, revelou o Relatório Focus do Banco Central. A mediana das expectativas oscilou negativamente de 3,18% para 3,17%. Já para 2022 a previsão é de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 2,33%, ante 2,34% projetados na semana anterior.

Em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a mediana das projeções se manteve em 4,81% para este ano, mas oscilou para cima de 3,51% para 3,52% em 2022.

A previsão para o dólar também subiu. Os economistas agora enxergam a moeda valendo R$ 5,35 no final do ano, contra R$ 5,33 esperados na semana passada. Para o fim de 2022, a expectativa é de que o dólar vá a R$ 5,25, ante R$ 5,26 previsto anteriormente.

Por fim, a projeção para a taxa básica de juros, Selic, continuou em 5,00% ao ano para 2021 e em 6,00% ao ano para 2022.

Covid no Brasil

O Brasil registrou 2.747 novos casos de Covid na média móvel de sete dias, alta de 20% frente à média de 14 dias atrás. Em apenas um dia foram registradas 1.233 mortes por Covid.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h de domingo, o avanço da pandemia em 24 h. A média móvel de novos casos em sete dias foi de 64.418, queda de 14% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 30.939 casos. 19.474.826 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 9,2% da população. A segunda dose foi aplicada em 5.389.211 pessoas, ou 2,55% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

Em entrevista publicada no jornal Valor Econômico, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que não espera aceleração da vacinação no Brasil, e que prevê que o Brasil bata 5.000 mortes por dia. “Os próximos 15 dias serão dramáticos”, afirmou.

No domingo, o Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, divulgou a previsão de que o Brasil registre 100 mil mortes por Covid no mês de abril. A projeção se baseia em fatores como adesão ao uso de máscaras, implementação de isolamento social e propagação de novas variantes do vírus. Segundo o trabalho, o número de mortos por Covid no Brasil pode saltar dos atuais 330.297 registrados no sábado para 436 mil em 4 de maio.

No sábado, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, determinou em caráter liminar (temporário) que estados, municípios e o Distrito Federal não podem editar normas proibindo completamente celebrações religiosas presenciais. A decisão atende a uma ação da Anajure (Associação Nacional dos Juristas Evangélicos), e liberou cultos e missas em todo o país. Nunes Marques também determinou que governadores e prefeitos não podem exigir o cumprimento de normas já editadas que barrem a realização desses eventos.

A Anajure afirmara que os decretos estariam ferindo “o direito fundamental à liberdade religiosa e o princípio da laicidade estatal”. A liminar será analisada pelo plenário do STF. O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, ingressou com recurso visando reverter a decisão. No final de semana, chegou a afirmar na internet que não cumpriria a liminar, fazendo com que Nunes Marques o intimasse a cumprir a decisão. Ele recuou, afirmando que “ordem judicial se cumpre”.

Segundo reportagem do jornal O Globo, 23 redes estaduais de ensino mantêm apenas o ensino remoto. O Tribunal de Justiça do Rio suspendeu na noite de domingo o retorno às aulas presenciais na cidade do Rio de Janeiro, atendendo a uma ação popular de um grupo de vereadores e deputados. Cabe recurso. Já as escolas privadas e da rede pública estadual estão liberadas para funcionar já a partir de segunda.

Na quarta-feira passada, o ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, afirmou que Butantan e Fiocruz entregariam um número menor de vacinas este mês devido a atrasos. Mas os dois fabricantes de imunizantes negaram problemas no cronograma para abril. No sábado, o ministro voltou atrás, e confirmou o número de 30 milhões de doses em abril, reiterando a meta de vacinar 1 milhão de pessoas por dia. “Trinta milhões de doses já temos certas, isso garante que a meta de 1 milhão de pessoas por dia será cumprida”, disse.

Na sexta, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, fez uma ampla defesa da vacinação no país após receber a primeira dose da Coronavac, no Museu da Justiça do Rio de Janeiro. Fux disse que a vacina contra a Covid-19 é a esperança de dias melhores no Brasil e no mundo. “Nós do Judiciário temos profunda deferência à ciência. Dizemos sim à ciência e à vida e não à morte”, afirmou Fux após se vacinar no Rio.

Mas, no sábado, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar as medidas de restrição impostas por governadores para conter a disseminação do coronavírus.

“Cada vez mais, com mais desemprego, a política do fecha tudo e fica em casa, mais gente está comendo menos, alguns passando necessidades seríssimas, e nós temos que vencer isso. A guerra da minha parte não é política, é a guerra que tem a ver com o futuro de uma nação. Não podemos esquecer a questão do emprego”, disse Bolsonaro em vídeo transmitido nas redes sociais durante visita a uma associação beneficente no entorno de Brasília que oferece refeição para pessoas necessitadas.

O presidente estava acompanhado do novo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, que deixou a Casa Civil para assumir a Defesa esta semana como parte de uma reforma ministerial em que Bolsonaro mexeu no comando de seis ministérios. Os dois estavam sem máscara.

“A política de lockdown tem um efeito colateral muito grave, muito danoso, que é o desemprego”, acrescentou Bolsonaro em entrevista a repórteres na volta ao Palácio da Alvorada. “O efeito colateral não pode ser mais danoso do que o próprio vírus.”

O presidente também anunciou que o Ministério da Defesa colocará as Forças Armadas à disposição do Ministério da Saúde para apoiar a campanha de imunização contra a Covid-19. No entanto, o maior entrave à vacinação não tem sido a falta de pessoal, mas sim a escassez de imunizantes, uma vez que o Brasil demorou a fechar contrato com fornecedores.

Ao longo da pandemia, que já matou mais de 328 mil pessoas no Brasil, Bolsonaro disse diversas vezes que não tomaria o imunizante, mas recentemente mudou de discurso e admitiu a possibilidade de ser vacinado. No sábado, voltou a afirmar que pode tomar o imunizante.

“Eu já estou imunizado com o vírus. Se acharam que eu devo me vacinar eu vacino, sem problema nenhum. Mas acho que essa vacina minha tem que ser dada a alguém que ainda não contraiu o vírus e corre um risco muito maior do que eu. Da minha parte não tem problema nenhum buscar um posto de saúde e me vacinar agora que chegou a minha idade”, disse.
Bolsonaro, de 66 anos, poderia ser vacinado contra a Covid-19 em Brasília a partir de sábado, quando a capital federal passou a imunizar a faixa etária dele. Na quinta-feira, o presidente disse que decidiria sobre tomar ou não a vacina contra Covid depois que “o último brasileiro for vacinado”.

Entrevista de Campos Neto e Orçamento de 2021

Segundo fonte ouvida pela Reuters, a área econômica do governo e os líderes do Congresso chegaram a um consenso sobre a necessidade de mudanças no Orçamento aprovado para 2021, e o acordo aponta para a revisão de premissas de gastos e uma redução à metade das emendas parlamentares.

O Globo, por sua vez, aponta que os avanços na negociação sobre o Orçamento que ocorreram em reuniões no feriado e no fim de semana ainda não foram suficientes para se chegar a um acordo detalhado que permita a sanção da lei sem maiores consequências políticas.

O senador Márcio Bittar, com anuência de articuladores do Congresso, sinaliza a possibilidade de ampliar de R$ 10 bilhões para R$ 13 bilhões o volume de emendas parlamentares de relator canceladas, mas o montante ainda é insuficiente para dar conforto ao time econômico — que defende o veto integral à emenda de relator. Essa possibilidade continua sendo rechaçada por Arthur Lira e lideranças da Câmara e do Senado e expõe atritos entre Paulo Guedes a cúpula do Congresso e outros ministros, ressalta a Folha de S. Paulo.

Em entrevista publicada no domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que “qualquer incerteza em relação ao Orçamento agrava a incerteza fiscal”. Apesar de ter sido aprovado pelo Congresso, o Orçamento não destina recursos suficientes para despesas obrigatórias, e ampliou os gastos com defesa e emendas parlamentares, que poderiam ser destinadas por congressistas a obras em seus redutos eleitorais. O Orçamento é alvo do Tribunal de Contas da União, vem sendo chamado de “fictício”, e passa por novas negociações. Caso permaneça como está, haveria risco de paralisação da máquina pública.

“Quando olhamos a reação do mercado e dos agentes econômicos às notícias fiscais, é uma preocupação que está no topo da lista, é o que tem sido responsável por fazer o risco do Brasil ser elevado, diferenciando o País do resto dos países. Hoje, somos o País mais endividado do mundo emergente”, afirmou Campos Neto.

Para o presidente do Banco Central, o Orçamento ainda não está fechado, e é necessário acompanhar as negociações e avaliar a influência na atuação da instituição que comanda. Caso o Orçamento passe mesmo com problemas, “a percepção de que ele é inexequível ou precise fazer algum tipo de suplementação de crédito para que atinja os números é um fator que vai preocupar o BC”.

Reportagem publicada no domingo no jornal Folha de S. Paulo afirma que o Orçamento favoreceu programas ligados ao bolsonarismo, como segurança pública, proteção à vida e fortalecimento da família, defesa nacional e desenvolvimento regional, responsável por obras.

Em sua entrevista ao Estadão, Campos Neto também defendeu a elevação recente da taxa de juros de 2% para 2,75%. “Nossa meta primordial é a inflação. Na nossa linguagem deixamos claro que essa alta não vai influenciar fortemente o crescimento de 2022. O BC controla os juros curtos (a taxa Selic), mas tem um conjunto de outras variáveis que não estão no controle do BC, como a curva longa de juros, o câmbio e outras condições (…) É importante conduzir a política com credibilidade. É o que maximiza, ao longo do tempo, o processo onde a inflação seja menos volátil, mais estável e baixa” disse ele.

Ainda no radar, a partir de terça (6) o governo inicia o pagamento da nova rodada do auxílio emergencial. O programa liberará o equivalente a 15% da assistência de 2020. Em 2020, foram autorizados R$ 322 bilhões para o programa, e R$ 293 bilhões foram efetivamente gastos, informa o jornal Folha de S. Paulo. Pelo Orçamento aprovado pelo Congresso, o teto para a nova rodada do auxílio será de R$ 44 bilhões.

Radar corporativo

Em destaque no radar, está o Banco do Brasil. O BB confirmou na quinta-feira (1) que o atual presidente do Conselho de Administração da instituição, Hélio Magalhães, e o conselheiro independente José Guimarães Monforte renunciaram aos seus cargos. A movimentação começou após a renúncia de André Brandão da presidência da instituição, no mês passado, atribuída ao aumento da interferência do governo Jair Bolsonaro nas estatais e, em especial, no BB.

Na carta de renúncia, Magalhães afirma ter tomado a decisão em razão do “reiterado descaso com que o acionista majoritário vem tratando não apenas esta prestigiada instituição, mas também outras importantes estatais de capital aberto e seus principais administradores”.

O banco ainda enviou comunicado aos acionistas reapresentando documentos para a Assembleia Geral Ordinária (AGO) devido ao pedido de retirada de candidatura do conselheiro Luiz Serafim Spinola Santos. Foi mais um nome a deixar o conselho de administração do banco, após a confirmação das renúncias de Hélio Magalhães, presidente do colegiado, e José Guimarães Monforte, conselheiro independente.

Já o conselho de administração da Vale aprovou o programa de recompra de até 270 milhões de ações ordinárias e seus respectivos ADRs, proposto por seu Comitê Executivo. Com base na composição acionária da mineradora em 28 de fevereiro, a soma equivale a 5,3% do número total de ações em circulação. O prazo do programa é de até 12 meses.

Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir o comando da Petrobras, o general da reserva Joaquim Silva e Luna iniciou os trabalhos de transição junto à atual gestão da estatal e analisa nomes para compor o novo time de diretores da companhia, destaca o Valor Econômico. Os executivos de saída da empresa têm sugerido profissionais da casa como substitutos.

(com Estadão Conteúdo e Reuters)

Fonte: InfoMoney