Operação será paga em três etapas, sendo a primeira parcela à vista, de R$ 1 bilhão, e as demais em ações, podendo chegar a um montante equivalente a R$ 3,5 bilhões, em janeiro de 2024, caso o Kabum! cumpra metas nesse período
O Magazine Luiza anunciou na manhã desta quinta-feira, 15, a aquisição do Kabum!, e-commerce de tecnologia e games. A compra será paga em três etapas, sendo a primeira uma parcela à vista de R$ 1 bilhão e as demais em ações, podendo chegar a um montante equivalente a cerca de R$ 3,5 bilhões, em janeiro de 2024, caso o Kabum! cumpra metas nesse período.
Criado em 2003, em Limeira, no interior de São Paulo, o Kabum! teve receita bruta de R$ 3,4 bilhões e um lucro de R$ 312 milhões nos últimos 12 meses. A plataforma dos irmãos Thiago e Leandro Ramos estaria à venda, pelo Itaú BBA, desde o fim de 2020. “Foi um processo competitivo, eles chegaram a conversar com outras empresas. Foi um processo relativamente quente”, diz Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza sobre a transação.
Para ele, a intenção de venda do ativo veio do entendimento que o melhor para a plataforma seria a combinação com um ecossistema grande. “O e-commerce de nicho é muito específico. Por melhor que ele seja e mais rentável, em algum momento um dos grandes players pode entrar no mercado deles. E eles estão no melhor momento de sua história na pandemia”, diz Trajano.
A negociação foi trabalhosa, já que, com uma operação rentável e organizada, o Kabum! não precisava da venda e podia fazer suas exigências. “Era um ativo que interessava a outros também. Se fôssemos muito conservadores, perderíamos o negócio”, pondera Trajano. Ele avalia que o valor acordado, que representa a maior aquisição da história do Magalu, foi justo.
Depois do pagamento da primeira parcela de R$ 1 bilhão, a segunda etapa envolve a transferência de 75 milhões de ações ordinárias do Magazine Luiza ao longo de um ano e meio. Para isso, a empresa pode emitir ações ou usar as que tem em tesouraria. Depois, em janeiro de 2024, a varejista deve pagar até 50 milhões de ações, a depender do cumprimento de metas de performance do KaBuM!. Trajano comenta que essa é uma forma de garantir o comprometimento da adquirida com o ecossistema da empresa como um todo.
Oferta de ações
Também na manhã desta quinta-feira, o Magazine Luiza confirmou a realização de uma oferta subsequente de ações (follow-on), que deve emitir 150 milhões de novas ações. Considerando o preço do fechamento de quarta-feira, 14, (R$ 22,93), a emissão somaria R$ 3,439 bilhões. A oferta poderá ser acrescida em até 33% do total de ações inicialmente oferecido, ou seja, em até 50 milhões de ações. Com isso, a oferta pode girar até R$ 4,586 bilhões. O início das negociações das ações na B3 ocorrerá no dia 26 de julho.
A nova captação em Bolsa é liderada pelo Itaú e pelo BTG Pactual – que foi quem assessorou o Magalu na compra do Kabum! – e conta ainda com J.P. Morgan, Merril Lynch (Bank of America), UBS BB (Banco do Brasil), Bradesco BBI, Goldman Sachs, Morgan Stanley, Santander e XP.
Os recursos captados terão como destino a expansão do Magalu em novos mercados, investimentos em logística, abertura de novos centros e hubs de distribuição e o pagamento de aquisições estratégicas, como a compra do Kabum!. Outro exemplo de investimento é a Hub Fintech, a compra realizada em dezembro de 2020 por R$ 290 milhões foi concluída recentemente, após aprovação pelo Cade e Banco Central. Apesar de já ter pago a operação, a companhia precisa fazer aportes no negócio.
“Temos hoje caixa em torno de R$ 4 bilhões (segundo dados do primeiro trimestre), mas gostamos muito de manter uma despesa financeira baixa em relação ao Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Ano passado essa relação foi de 30%. Não queremos passar muito disso”, afirma Trajano.
Até 2023, a companhia pretende chegar a mais de 2 milhões de metros quadrados de armazenagem entre centros e hubs de distribuição. No primeiro trimestre de 2021, eram 868 mil metros quadrados. O número de lojas, por sua vez, deve subir de 1.310 para 1.671.
-Fonte: Estadão
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