Taxa básica de juros foi elevada nesta quarta-feira (04) de 4,25% para 5,25% ao ano; ritmo de aumento deve continuar na próxima reunião do Copom
Conforme amplamente esperado pelo mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa Selic nesta quarta-feira (4) em 1 ponto percentual, para 5,25% ao ano.
Mais do que a decisão desta noite, contudo, o que chamou a atenção dos investidores foram as sinalizações passadas pela autoridade monetária para os rumos da taxa básica de juros nos próximos meses.
Em seu comunicado dessa decisão, o Copom ressaltou que elevar a Selic em 1 ponto reflete “seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2022 e, em grau menor, o de 2023”.
A decisão de acelerar o ciclo de normalização foi vista pelo Goldman Sachs como a melhor estratégia para lidar com uma “clara deterioração das perspectivas para a inflação”, em particular dos componentes inerciais da inflação, que, em meio à reabertura em curso dos setores de serviços, pode levar a uma maior deterioração das expectativas de inflação.
O banco americano prevê nova alta de 1 ponto na próxima reunião do Copom, com uma subida “relativamente rápida” para 7% até o fim de 2021 e até 7,5%, no primeiro semestre de 2022.
Durante participação em live do InfoMoney, Fábio Akira, economista-chefe da BlueLine Asset Management, e Marco Mecchi, head de estratégia macro da MZK Investimentos, recém-adquirida pela AZ Quest, destacaram a novidade do comunicado em que o Copom informa a intenção de levar a taxa Selic para um nível acima do considerado neutro.
“Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado um ciclo de elevação da taxa de juros para patamar acima do neutro”, diz o comunicado do BC.
Quando está abaixo do ponto neutro, a intenção da autoridade monetária com a taxa Selic é gerar um estímulo para o aquecimento da economia, e, quando está acima desse ponto, o objetivo é reduzir o ritmo de expansão.
Mecchi afirmou ver com bons olhos o tom mais hawkish (pró-aperto monetário) adotado pela autoridade monetária. “[O BC] precisava surpreender o mercado de maneira um pouco mais dura”, disse o gestor da MZK, fazendo menção à pressão inflacionária persistente e aos níveis elevados do câmbio.
A MZK projeta a Selic em 7% até o fim do ano, 0,5 ponto percentual acima do ponto visto como neutro, considerando uma inflação de 3,5% em 2022.
Na BlueLine, a projeção aponta para a taxa de juros em 7,5% até dezembro, com mais uma alta de 1 ponto na próxima reunião do Copom, seguida por aumentos de 0,75 p.p. e 0,5 p.p.
Após a decisão desta quarta, a XP elevou de 6,75% para 7,25% sua projeção para a taxa Selic ao fim do atual ciclo de aperto monetário, mas não descarta um aumento ainda maior. “Se as perspectivas para o risco fiscal se deteriorarem, a taxa Selic terminal pode precisar ser elevada para um nível acima da nossa projeção”, apontou, em nota.
Impacto nos investimentos
Na visão de Akira, o aumento dos rendimentos na renda fixa na esteira de uma Selic mais alta pode gerar maior volatilidade para as ações da Bolsa. Isso porque, ao indicar que vai levar a taxa básica de juros para acima do ponto neutro, comparou o economista, é como se a autoridade monetária tirasse o pé do acelerador e passasse a pisar no freio, com um possível impacto negativo para o cenário de crescimento esperado para a economia e, consequentemente, para as ações.
De toda forma, Akira destacou também que há setores no mercado de renda variável menos expostos à influência da política monetária do Brasil, como o de commodities metálicas, mais relacionado à retomada da atividade em escala global.
-Fonte: Infomoney
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