De olho nas pressões inflacionárias e com estimativas de que a economia deve crescer além do que espera o Banco Central, os analistas Alexandre de Azara e Fabio Ramos, do banco UBS, aumentaram a projeção para a taxa básica de juros ao fim deste ano, de 6,5% para 8%, acima, portanto, do que consideram um nível neutro, em que a taxa de juros nem estimula nem contrai a economia.
Em relatório enviado a clientes, eles destacaram que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve elevar a Selic em um ponto percentual no encontro que ocorre entre amanhã (03) e quarta-feira (04), para 5,25%. Na sequência, seriam feitos mais dois aumentos de um ponto percentual e um último de 0,75 ponto percentual.
Embora as estimativas do mercado e do próprio UBS para a expansão do PIB estejam sendo revisadas para cima, Azara e Ramos pontuaram que o Banco Central segue com projeções abaixo do mercado. De acordo com o Relatório de Inflação de junho, a autoridade monetária projeta que a variação do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 fique positiva em 4,6%. Ao mesmo tempo, segundo o relatório Focus desta semana, o mercado financeiro vê expansão de 5,30% da economia brasileira neste ano.
Para os analistas, a justificativa do BC para prever um crescimento menor está ligada a uma possível revisão sazonal de fatores, o que faria com que o crescimento do PIB no primeiro trimestre fosse reduzido para 0,6% na comparação com o trimestre anterior. Até então, os dados mostrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) apontam que a economia brasileira avançou 1,2% no primeiro trimestre ante o quarto trimestre do ano passado.
Além de mostrar preocupação com a visão do Banco Central sobre o avanço da atividade econômica, os especialistas afirmaram que o BC pode ser percebido como dovish – com uma postura mais favorável a taxas de juros mais baixas e menor preocupação com a inflação –, caso reajuste a Selic em apenas 0,75 ponto percentual na reunião do Copom desta semana.
“Em nossa visão, esse não é um risco que a gente acha que o Banco Central quer ter. Por isso, que acreditamos que ele deve aumentar a velocidade e o tamanho dos ajustes”, destacaram os analistas.
Outro ponto destacado está nas estimativas de avanço da inflação para 2022. O UBS se mostra preocupado com a expansão rápida nos preços do grupo alimentação e energia elétrica. Segundo análise do banco, as pressões inflacionárias se mostraram mais intensas e mais longas do que o esperado previamente e podem ser “um teste de estresse” na confiança do Banco Central, já que ele precisa fazer a inflação convergir para a meta de 3,5% em 2022.
Os analistas também afirmaram que o Banco Central disse explicitamente nas minutas que iria considerar as expectativas de 2022 como principal motivo para acelerar o ritmo de alta da Selic. Logo, a elevação das estimativas para a inflação em 2022, de 3,77% para 3,80%, segundo o Focus desta semana, um pouco acima do cenário da última reunião do Copom em junho, pode indicar que o BC precisa acelerar o ritmo de altas.
-Fonte: Infomoney
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