Ponto de inflexão – Ações de valor ou de crescimento?

Os mercados globais podem ter atingido um ponto de inflexão: ações de valor devem mostrar desempenho superior aos papéis de crescimento por um período significativo, segundo Marko Kolanovic, estrategista-chefe de mercados globais do JPMorgan Chase.

A retomada das ações de valor impulsionada pela recuperação do abalo da pandemia, queda da volatilidade e apoio da política fiscal e monetária deve durar algum tempo com a atuação de vários fatores no sistema, disse Kolanovic em entrevista. Isso poderia levar a uma mudança do investimento de longo prazo com foco mais cíclico e reflacionário, disse.

“Podemos estar em um ponto de inflexão mais significativo do que historicamente foram apenas pausas que reverteram ao estilo de investimento em crescimento”, disse Kolanovic, de Nova York, em 9 de abril.

“Achamos que essa recuperação pode durar mais e ser mais profunda, com maior impacto nos estilos dos investidores e fluxos do que as pessoas apreciam.”

O debate valor versus crescimento é um dos tópicos mais polêmicos na comunidade estrategista global, especialmente desde que a aposta de reflação, que impulsionou ações de valor, perdeu força recentemente.

Nas fases anteriores do mercado, havia uma coesão atípica de visões em torno de ativos seguros, como o ouro e a estratégia defensiva do “segmento fique em casa”, seguida por apostas em empresas cíclicas e uma curva de juros cada vez mais inclinada. Essa era mais previsível parece ter acabado.

Mais otimista

Além de favorecer ações de valor, o JPMorgan está entre os bancos mais otimistas de Wall Street. A empresa tem uma meta de final de ano para o S&P 500 de 4.400 pontos, em comparação com a previsão mediana de 4.100 de pesquisa da Bloomberg, e com o fechamento do índice na segunda-feira em 4.127,99.

“Os fundamentos estão melhorando, temos estímulo e política monetária de apoio, e agora o declínio do VIX, aos poucos, ajudará os fluxos”, disse Kolanovic, em referência ao índice de volatilidade.

Existem muitos pessimistas. O Bank of America e o Citigroup projetam que o S&P 500 cairá para 3.800 pontos no final de dezembro.

Estrategistas do BofA liderados por Savita Subramanian alertaram sobre “retornos anêmicos à frente”, em relatório neste mês, enquanto uma equipe do Citi liderada por Tobias Levkovich cita aspectos negativos como preços altos das ações e a possibilidade de o Federal Reserve reverter o estímulo ainda este ano.

Embora rendimentos mais altos dos títulos do Tesouro dos EUA tenham ajudado ativos de valor, é improvável que se tornem um fator negativo para as ações até que o título de 10 anos atinja 2,50%, disse Kolanovic. O chamado yield de referência subiu para 1,77% no final de março, o maior nível desde janeiro de 2020, mas desde então recuou para cerca de 1,70%.

Segundo Kolanovix, ao longo prazo, a liderança entre os mercados acionário global, poderá migrar dos estados unidos para relativos retardatários no fim do ano.

“Como os EUA estão à frente na recuperação do coronavírus, é provavelmente mais forte agora, mas, na segunda metade do ano”, Europa, Japão e mercados emergentes pode mostrar melhor desempenho, afirmou.

Ainda segundo ele, já que os Estados Unidos estão na frente com a recuperação da Covid19, é muito provável ser mais forte agora na segunda metade de 2021. Europa, Japão e mercados, podem desempenhar melhor, afirmou.