Crescimento no debate sobre ESG em fundos de private equity

Muitas gestoras de fundos de private equity investem em companhias médias com alto potencial de crescimento, que ainda não entraram na bolsa, mas podem estrear um dia. Contudo, as empresas que abriram capital na B3 recentemente ainda precisam avançar nas questões ambientais, sociais e de governança, conforme a PwC

A preocupação com as práticas ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e de governança) nas companhias cresceu dentro dos fundos de private equity, conforme aponta um estudo da firma de consultoria e auditoria PwC Brasil. As gestoras desses fundos investem em empesas médias com alto potencial de crescimento, que ainda não entraram na bolsa, mas podem estrear um dia.

Até então, a discussão sobre o assunto nessas companhias estava mais atrasada do que nas grandes empresas da B3, justamente por elas serem menores. Contudo, à medida que o debate sobre esses temas avança nos fundos investidores das companhias médias, aumenta a chance delas abrirem capital mais inteiradas dessa tendência no futuro, o que ainda acontece pouco nas novatas na B3 hoje, de acordo com a PwC.

Segundo o levantamento, 15% das gestoras de private equity já colocaram as práticas ESG na pauta dos conselhos em todas as reuniões e, para 41%, as questões ambientais, sociais e de governança estão presentes mais de uma vez ao ano. Apenas 26% afirmaram que esse assunto era tópico uma vez ao ano, 8%, menos de uma vez ao ano, e 10%, que nunca houve essa discussão.

Há dois anos, só 6% das gestoras haviam colocado o debate na pauta dos conselhos em todas as reuniões e, para somente 29%, o tema estava presente pelo menos uma vez ao ano. Quase metade (49%) tinha dito que essa tendência era tópico apenas uma vez ao ano, 10%, menos de uma vez ao ano, e 10%, que os investimentos responsáveis nunca haviam entrado na pauta.

A pesquisa também mostrou que 66% dos fundos classificam a criação de valor como um dos três principais impulsionadores das práticas ESG e que 72% das gestoras sempre selecionam riscos e oportunidades atrelados às questões ambientais, sociais e de governança nas companhias-alvo na fase de pré-aquisição. Ainda conforme o estudo, 56% dos fundos já se recusaram investimentos devido à falta de práticas ESG.

“Várias crises nos últimos 18 meses trouxeram um grito de alerta ao mundo. Se quisermos evitar novas pandemias, reduzir os riscos das mudanças climáticas, construir uma sociedade mais justa e ainda gerar crescimento, é claro que teremos que criar economias e sistemas mais sustentáveis”, afirma a PwC em relatório.

De acordo com a firma, estima -se que o mercado de investimento de impacto global, um segmento que se concentra em resultados positivos, independentemente dos retornos, vale cerca de US$ 715 bilhões. No levantamento, a PwC ouviu 209 empresas de 35 países, a maioria da Europa.

Desigualdade de ESG no Brasil

No Brasil, a preocupação com as questões ambientais, sociais e de governança nos fundos de private equity também aumenta, mas há uma desigualdade maior entre as grandes companhias da bolsa e as empresas médias em relação a esse assunto, conforme Maurício Colombari, sócio da PwC Brasil.

“As maiores empresas que já pensam nisso há muito tempo são comparáveis a pares europeus. Mas vejo um gap enorme quando olhamos para o mercado de pequenas e médias empresas, que estão começando a entender o que significa ESG”, diz. No entanto, companhias menores movem também a economia do Brasil e, quem sabe, chegarão à B3 um dia, alerta o executivo.

Colombari ainda afirma que empresas que estão entrando na bolsa, pouca delas divulgam informações sobre práticas de ESG.

“Isso mostra que o mercado tem que evoluir. Há liquidez para que as empresas possam abrir capital, fala-se muito em ESG, mas na hora de partir para a ação, o mercado ainda não está cobrando nível de transparência grande”, diz. Porém, esse cenário deve mudar no médio prazo, na avaliação do sócio da PwC.

“Não tenho dúvidas de que isso vai acontecer, impulsionado por casas de private equity e grandes investidores que cada vez mais se qualificam”, afirma. “Isso vai ganhando corpo e as empresas que se prepararem para IPO no futuro certamente vão pensar nisso, o que é extremamente positivo.”