Bolsa consegue sair de uma sequência de cinco quedas apesar de ainda haver muita cautela com o ambiente internacional
O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira (21), encerrando uma sequência de cinco quedas e descolando-se do desempenho errático registrado pelas bolsas em Wall Street. Lá fora, embora haja expectativa de uma solução do governo chinês para o caso da dívida bilionária da Evergrande, ainda há pouca clareza sobre como isso se dará. Além disso, os investidores esperam pela decisão de juros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e pelas sinalizações sobre quando começará a redução de estímulos nos Estados Unidos.
Em agosto, Powell sinalizou que o Fed deve desacelerar o ritmo de compra de títulos, atualmente em US$ 120 bilhões mensais, neste ano. Na quarta, o Federal Reserve divulgará suas previsões econômicas trimestrais e a declaração sobre taxa de juros. Em seguida, Powell conduzirá uma coletiva de imprensa.
Já aqui, foram bem recebidas as falas dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de que eles buscarão uma solução para o pagamento dos precatórios e para o financiamento do Auxílio Brasil com respeito ao teto de gastos.
De acordo com Pacheco, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para resolver o problema dos precatórios preverá uma limitação ao crescimento dessas despesas com uma regra semelhante à do teto de gastos. Assim, seriam pagos R$ 40 bilhões em precatórios no ano que vem.
Sobre a Evergrande, segundo Henrique Esteter, especialista de Mercados do InfoMoney, o Partido Comunista Chinês (PCC) precisa pesar o risco sistêmico da insolvência da incorporadora com o risco moral de resgatá-la.
“Existe muita expectativa do governo atuar para evitar o contágio no setor imobiliário e no financeiro. Só a dívida da Evergrande já representa 2% do [Produto Interno Bruto] PIB chinês. Por outro lado, se a China intervir pode ter o efeito das empresas acharem que podem se endividar à vontade que os políticos socorrem”, explica.
Esteter acredita que a solução será um meio termo, algo como deixar o investidor “sangrar um pouco” antes de salvar a empresa, de modo a não criar incentivos à ingerência.
Também hoje, o presidente Jair Bolsonaro fez o discurso inaugural da 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas na manhã desta terça-feira, voltando a a apresentar uma retórica virulenta e a defender o chamado “tratamento precoce” no coronavírus.
O Ibovespa fechou em alta de 1,29%, a 110.249 pontos com volume financeiro negociado de R$ 29,758 bilhões.
Enquanto isso, o dólar comercial caiu 0,84% a R$ 5,286 na compra e a R$ 5,286 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em outubro registra baixa de 0,8% a R$ 5,295 no after-market.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 subiu dois pontos-base a 7,10%, DI para janeiro de 2023 teve queda de 11 pontos-base a 8,83%, DI para janeiro de 2025 recuou 20 pontos-base a 9,86% e DI para janeiro de 2027 registrou variação negativa de 18 pontos-base a 10,27%.
Na Ásia, o índice Hang Seng, de Hong Kong, chegou a cair mais de 3%, em meio à fraqueza da incorporadora China Evergrande Group, que se aproxima do default. Mas o índice se recuperou, e fechou em alta de 0,51%.
Na terça, o presidente do Evergrande buscou tranquilizar os mercados, e afirmou que a empresa irá cumprir com suas responsabilidades entre compradores de propriedades, investidores, parceiros e instituições financeiras.
A análise de crédito da S&P Global Ratings afirmou: “Nós acreditamos que Pequim só será levada a intervir se houver um contágio de amplo alcance, que faça com que vários grandes incorporadoras entrem em crise e apresentem riscos sistemáticos à economia”.
No mercado de commodities, os futuros do minério de ferro em Singapura deram um respiro após a forte queda na segunda-feira, mas estão próximos da menor cotação desde maio de 2020, enquanto os mercados na China permanecem fechados devido ao um feriado. Os preços caíram mais de 11% na segunda-feira com as medidas da maior produtora de aço do mundo para cumprir a meta de reduzir os volumes este ano e melhorar a qualidade do ar. Os preços acumulam baixa de cerca de 60% desde a máxima em maio, afetando ações de mineradoras.
Contabilização da Covid, vacinação e CPI
Na segunda (20), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 557, patamar 6% acima daquele de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 239 mortes.
As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.
A média móvel de novos casos em 7 dias foi de 32.758, alta de 71% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados -2.389 novos casos.
O número negativo ocorre por conta da remoção de de 12.028 registros pelo estado do Ceará, que afirma que a retirada se deve a uma correção no sistema que concentra os dados. Segundo o estado, essa correção pode voltar a influir no cômputo geral nos próximos dias.
Sem contar o Ceará, o Brasil teria registrado 9.639 novos casos no dia.
Além disso, a forte alta na média de casos se deve em parte à inclusão, nos três últimos dias da semana, de mais de 150 mil registros de casos por parte de Rio de Janeiro e São Paulo, após um ajuste no sistema de contabilização.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que “vem realizando melhorias no sistema e-SUS Notifica para melhor atender as ações de vigilância”. E que “não foi procurado por nenhum estado relatando problemas”.
Chegou a 142.115.868 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 66,62% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 81.158.244 pessoas, ou 38,05% da população.
A dose de reforço foi aplicada em 333.416 pessoas, ou 0,16% da população.
Na segunda, a Casa Branca disse que os Estados Unidos anunciaram que vão permitir no início de novembro a entrada de passageiros aéreos vindos de Brasil, China, Índia, Reino Unido e a maioria dos países europeus que receberam vacinas contra Covid-19. Serão amenizadas algumas das restrições de viagens aplicadas no início do ano passado.
IOF, ICMS, fusão entre PSL e DEM e crise hídrica
Na segunda, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a decisão tomada pelo governo de aumentar o imposto sobre operações financeiras IOF foi tomada sem debate com o Congresso, e será analisada posteriormente pelo Legislativo.
A medida foi efetuada por meio de um decreto, segundo o qual a elevação do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF) valerá no período entre 20 de setembro e 31 de dezembro, com o objetivo principal de custear o aumento no valor do Auxílio Brasil, novo programa social do governo que irá substituir o Bolsa Família.
A medida vai gerar um aumento de arrecadação estimado em R$ 2,14 bilhões, segundo o governo, e é uma alternativa de financiamento do Auxílio Brasil, caso a recriação da taxação dos lucros e dividendos em discussão na reforma do Imposto de Renda não seja aprovada a tempo.
“Decreto não passa por tramitação na Casa. Agora, não foi conversado, nem com Câmara, nem com Senado. É uma decisão que a Câmara e o Senado podem ver depois”, disse Lira a jornalistas.
Deputados federais vêm apresentando propostas legislativas para questionar e até mesmo sustar os efeitos da elevação do IOF determinada por Bolsonaro.
Até o momento, foram propostos dois projetos de decreto legislativo, pelos deputados Aliel Machado (PSB-PR) e Gilson Marques (Novo-SC), para suspender o aumento do IOF.
O Congresso tem a prerrogativa de, se quiser, anular os efeitos da iniciativa do governo.
Em outra frente, o deputado Felipe Rigoni (PSB-ES) apresentou um requerimento de informação na Câmara em que cobra do ministro da Economia, Paulo Guedes, detalhes sobre a elevação do imposto.
Entre os questionamentos, o parlamentar quer saber o impacto sobre o acesso ao crédito, financiamentos e investimentos. “Importante ressaltar que não estão sendo questionados, nesse momento, o aumento e a necessidade de reformulação de programas sociais, porém, há indicativos de que o governo federal tem tomado decisões com base em objetivos eleitorais sem diálogo e sem planejamento fiscal a contento das demandas econômicas do país. A criação de fonte temporária é uma espécie de ‘gambiarra’ fiscal para problemas estruturais na economia brasileira”, disse Rigoni, no requerimento.
Também na segunda, governadores de 19 Estados e do Distrito Federal divulgaram uma carta conjunta que rebate o presidente Jair Bolsonaro, em que afirmam que nenhum dos governantes regionais aumentou o ICMS sobre combustíveis nos últimos 12 meses, apesar de o preço da gasolina ter subido mais de 40% no período.
“Os governadores dos entes federados brasileiros signatários vêm a público esclarecer que, nos últimos 12 meses, o preço da gasolina registrou um aumento superior a 40%, embora nenhum Estado tenha aumentado o ICMS incidente sobre os combustíveis ao longo desse período”, disse a carta.
“Essa é a maior prova de que se trata de um problema nacional, e, não somente, de uma unidade federativa. Falar a verdade é o primeiro passo para resolver um problema.”
Subscrevem a carta, entre outros, governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e da Bahia, Rui Costa (PT).
Há meses, mesmo sem provas, Bolsonaro tem tido embates com os Estados e procurado responsabilizar os governadores pelo alto preço dos combustíveis no país, devido ao peso do imposto na composição do preço.
O presidente enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei para que o ICMS que incide sobre os combustíveis tenha um valor fixo nos Estados. A proposta, entretanto, pouco avançou no Legislativo.
No início do mês, Bolsonaro recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar o Congresso a legislar sobre o tema.
Além disso, reportagem com chamada de capa no jornal O Globo afirma que a executiva do Democratas se reunirá nesta terça para deliberar sobre a proposta de fusão do PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu, mas do qual o presidente já não faz parte.
Caso a união se concretize, o novo partido terá a maior bancada da câmara, com 81 deputados, além de sete senadores, quatro governadores e a maior fatia de recursos eleitorais, de R$ 330 milhões.
Em chamada de capa, o jornal O Estado de S. Paulo ressalta que, em meio à crise hídrica, a usina de Belo Monte, no Pará, vem operando com meia turbina desde agosto. É a quarta maior usina hidrelétrica do mundo, construída com investimentos de quase R$ 40 bilhões. Mas ela vem operando com apenas 2,67% de sua potência total.
Radar corporativo
Braskem (BRKM5)
A Novonor informou à Braskem que ainda não tomou uma decisão sobre a forma pela qual vai se desfazer de sua participação de controle na companhia, afirmou a petroquímica em comunicado ao mercado nesta segunda-feira.
O texto foi produzido depois que B3 e CVM pediram esclarecimentos à petroquímica sobre notícia publicada no jornal Valor nesta segunda-feira a respeito de apresentação de “modelo para venda da Braskem”.
A Braskem afirmou que “não tem conhecimento das informações constantes da notícia”. A empresa também enviou comunicado da Novonor, questionada a respeito pela companhia no sábado. No documento a Novonor, antiga Odebrecht, afirma que entre as alternativas para a venda de sua participação na Braskem está uma “alienação através do mercado de capitais”.
Brasil Agro (AGRO3)
A BrasilAgro anunciou que vendeu, por R$ 130,1 milhões, parte da Fazenda Rio do Meio, localizada no município de Correntina (BA), conforme fato relevante divulgado ao mercado.
Segundo o comunicado, o valor do negócio é equivalente a 250 sacas de soja, cerca de R$ 45,5 mil, por hectare útil.
“O comprador já realizou pagamento inicial no valor de R$ 5,3 milhões e realizará pagamento adicional de R$ 10,6 milhões ainda em 2021. O saldo remanescente será pago em sete parcelas anuais”, acrescentou a empresa.
Energisa (ENGI11)
A Energisa contratou um financiamento de R$ 166 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para empreendimento da Energisa Tocantins Transmissora (ETT), conforme comunicado na segunda-feira.
O custo deste financiamento é de IPCA mais 4,90% ao ano, com prazo de 238 meses, sendo 38 de carência e 200 meses de pagamentos mensais de juros e amortização.
Raízen (RAIZ4), Cosan (CSAN3)
A Raízen anunciou na segunda sua primeira venda de longo prazo para gás natural renovável, ou biometano, com a Yara Brasil Fertilizantes, em um contrato de cinco anos, conforme comunicado divulgado nesta segunda-feira.
O volume envolvido na transação é de 20 mil metros cúbicos por dia, acrescentou a companhia, que é controlada pela Cosan.
A Cosan ainda fechou a compra de 47% de participação no Grupo Radar por R$ 1,479 bilhão. Com a aquisição, a empresa passará a deter mais de 50% do capital social da Radar, gestora de 390 propriedades agrícolas.
Petz (PETZ3)
A Petz recebeu a carta de renúncia de Diogo Ugayama Bassi do cargo de Diretor Financeiro (CFO) e de Relações com Investidores. Na sequência, em reunião realizada nesta data, a empresa elegeu Aline Ferreira Penna Peli para o cargo de CFO e de Relações com Investidores.
Aline Penna assumirá o novo cargo a partir do dia 1 de outubro de 2021 e, conforme destaca a companhia, possui quase 20 anos de experiência profissional, tendo sido, antes de se juntar à Companhia, Diretora Executiva de Estratégia, M&A, Business Development, Venture Capital e Relações com Investidores da Arezzo&Co, onde atuou por cerca de 5 anos.
Aline tem também 14 anos de experiência profissional no Mercado Financeiro, nas áreas de Buy-Side Equity Research, tendo sido analista-sênior no HSBC Asset Management e no Bradesco Asset Management com foco na cobertura de empresas do segmento de Consumo e Varejo no Brasil e na América Latina, além de Private Equity e Investment Banking/M&A. A Sra. Aline é graduada em Administração pela Fundação Getúlio Vargas.
Diogo permanecerá na companhia até o dia 17 de outubro de 2021. Assim, apoiará o início do processo de transição de suas atividades para Aline.
-Fonte: Infomoney
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