Ibovespa fecha em queda com novos ruídos políticos, em dia sem EUA; dólar sobe a R$ 5,08

Bolsa registrou desempenho negativo em dia de preocupações com inflação e investigações no governo

O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira (5) depois da forte alta de 1,56% do índice na sessão da última sexta (2). O índice teve baixa de 0,55%, a 126.920 pontos com volume financeiro negociado de R$ 19,716 bilhões. As bolsas americanas ficaram fechadas nesta segunda por conta do feriado do Dia da Independência, o que reduziu o volume de negociação do índice, em semana mais curta também para a B3 por conta do feriado de sexta-feira em São Paulo.

No noticiário político, por aqui, novas suspeitas sobre a compra de vacinas ganham destaque: documentos do Ministério da Saúde obtidos pelo Estadão revelaram no fim de semana que o governo teria fechado contrato para a compra do imunizante indiano Covaxin por um valor 50% mais alto – US$ 15 –  do que o valor inicial da oferta, de US$ 10.

Além disso, o UOL publicou uma reportagem com áudios de Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro, afirmando que seu irmão foi demitido por Bolsonaro quando era funcionário do gabinete do então deputado por não devolver toda a fatia do salário acordada, o que corresponde a um esquema conhecido como “rachadinha”.

“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6 mil, ele devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’.”

De acordo com a análise da XP Política, o áudio  tem potencial de desgaste político. “Ainda que não possa ser responsabilizado por atos estranhos ao mandato, o fato leva, pela primeira vez, a uma investigação pela possível existência de um crime envolvendo diretamente o presidente – até então os episódios eram restritos a aliados ou familiares. Não se pode desconsiderar o poder de corrosão que uma investigação como esta pode ter — mesmo que não produza efeitos jurídicos práticos enquanto Bolsonaro estiver sentado na cadeira presidencial”, aponta.

Por fim, uma pesquisa CNT/MDA revelou que a avaliação negativa do governo Bolsonaro disparou e atingiu 48,2% dos entrevistados. O avanço da avaliação negativa ocorreu em meio ao recrudescimento da pandemia de coronavírus no país e o início das investigações da CPI da Covid do Senado.

No levantamento anterior, em fevereiro, a avaliação negativa, que soma os que consideram o governo ruim e péssimo, estava em 35,5%. Os 48,2% registrados agora se dividem entre 36,3% que consideram o governo péssimo e 11,9%, ruim.

O início da semana ainda teve como destaque a falta de acordo entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados, chamada de Opep+, para elevar a produção da commodity.

Com isso, ficam mantidas por enquanto as cotas de produção de cada membro, ante expectativa inicial de aumento de 500 mil barris por dia e proposta na semana passada de 400 mil barris por dia. Nenhuma data para um novo encontro foi acordada.

Também no radar, a Petrobras (PETR3; PETR4) elevou em R$ 0,16 o preço da gasolina nas refinarias e em R$ 0,10 o valor do diesel. Este é o primeiro aumento no valor fixado pela estatal desde que o novo presidente da empresa, general Joaquim Silva e Luna, assumiu o cargo.

Antes do anúncio, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) acusou a Petrobras de manter uma “elevada” defasagem dos preços da gasolina e do óleo diesel, em relação ao mercado internacional.

Conquanto seja positivo para a Petrobras o aumento nos preços dos combustíveis por reduzir as preocupações de ingerência política na estatal, esse incremento acaba preocupando investidores por conta de seus reflexos na inflação, que já está pressionada em um ambiente de juros baixos, câmbio elevado, crise hídrica e crescimento econômico.

Em meio ao reajuste, os principais contratos tiveram alta com os investidores repercutindo potenciais impactos para a inflação: o DI para janeiro de 2022 subiu sete pontos-base, a 5,73%, o DI para janeiro de 2023 teve alta de 11 pontos-base a 7,16%, o DI para janeiro de 2025 avançou nove pontos-base, a 8,22% e o DI para janeiro de 2027 registrou variação positiva de sete pontos-base a 8,66%.

Enquanto isso, o dólar comercial subiu 0,68%, a R$ 5,087 na compra e R$ 5,088 na venda, ao passo que o dólar futuro com vencimento em agosto se valorizava em 0,56%, a 5,10 no after-market.

Nos próximos dias, haverá a divulgação de indicadores econômicos importantes na esfera doméstica e internacional, com destaque à ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) na quarta-feira (7).

No Brasil, esta semana traz vendas no varejo de maio e inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho. Além disso, os mercados acompanharão de perto as discussões sobre a reforma do imposto de renda no Congresso.

-Fonte: Infomoney