Ampliada a oferta da Indústria de fundos imobiliários de produtos com salto de investidores na pandemia

A disputa por ativos tem aumentado com o crescimento do setor, como consequência, novos produtos, desde fundos até índices de referência, surgem na prateleira de opções dos investidores

Os fundos de investimentos imobiliários (FIIs) devido a pandemia prolongada em 2021 estão sentindo os efeitos negativos, após perdas profundas em diferentes setores e, consequentemente, no Ifix, índice que acompanha o desempenho dos principais FIIs do mercado brasileiro. Por outro lado, e em paralelo, o mercado vislumbra o momento como oportuno para se desenvolver e expandir as opções de investimento para aqueles que querem se expor ao retorno do setor imobiliário.

A chegada de novos tipos de produtos, novos índices e também de fundos que não se restringem às tradicionais categorias de “papel” e “tijolo” mostra o amadurecimento e a ascendência da categoria, que conquistou os brasileiros nos últimos anos.

E como agradou! Apenas em um ano, entre dezembro de 2018 e o mesmo mês de 2019, o número de investidores mais que triplicou, saltando de 208 mil para 645 mil. No ano passado, quando a taxa básica de juros, a Selic, atingiu o piso histórico de 2% ao ano, foi a vez de o número de investidores saltar 82% para acima da marca de 1 milhão de investidores. E este ano a classe continua a atrair aplicadores, a despeito da queda de 1,87% do Ifix entre janeiro e maio.

Na visão de Ronaldo Ishikawa, fundador do escritório de advocacia i2a Legal, em termos percentuais, e quando comparados com o tamanho do mercado, os fundos imobiliários ainda tem espaço para crescer em razão da representatividade setorial. “É um processo de desenvolvimento que está em uma curva empinada. Em dezembro do ano passado eram 1,172 milhão de investidores. Só de lá para cá, surgiram mais 172 mil”, exemplifica.https://datawrapper.dwcdn.net/whdHh/1/

Fonte: B3. Elaboração: Valor Data

Outro dado da B3 que complementa a evolução do mercado de FIIs nos últimos anos diz respeito ao patrimônio líquido dos fundos imobiliários listados na bolsa brasileira, que alcançou R$ 144 bilhões em março. Na comparação com o mesmo mês de 2020, período em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia, o crescimento foi de 51,5%. Na época, o patrimônio líquido era de R$ 95 bilhões. Ainda, o valor de mercado aumentou 45,4%, saindo de R$ 88 bilhões em março do ano passado para R$ 128 bilhões no mesmo intervalo de 2021.

lém da escalada dos números acima, no que se refere ao lançamento de fundos imobiliários, Ishikawa lembra que há um estoque “grande” de ofertas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), tanto registrado quanto em análise. Apenas entre janeiro e 27 de maio deste ano, R$ 8,9 bilhões em operações foram aprovadas para distribuição e pelo menos R$ 5,1 bilhões estão em análise na autarquia, sem contar outras três ofertas sem valor estimado até o momento.

Quanto mais o setor cresce e se desenvolve, a disputa por ativos aumenta e, como consequência, novos produtos surgem na prateleira de opções dos investidores. Por estes motivos, diz Ishikawa, o mercado de fundos imobiliários vem investindo em setores ainda não tão conhecidos, como o de agronegócios.

“No final do ano passado, houve um movimento para a estruturação de outros fundos, como os de agronegócio (Fiagro), desenvolvimento residencial e até logístico com pegada de data center, que tem demanda constante por empresas”, afirma. No fim das contas, acrescenta o fundador da i2a Legal, há um risco relativamente maior nestes FIIs, mas que proporciona dividendos e rendimentos potencialmente maiores para os investidores.